Cultivar soja está 12,7% mais caro

Cultivar soja na safra 2019/2020 ficou 12,7% mais caro aos produtores mato-grossenses do que na temporada anterior. Para plantar 9,775 milhões de hectares foram necessários R$ 22,5 bilhões. O custo médio, por hectare, alcançou R$ 2,302 mil. Na última safra, o valor total foi estimado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) em R$ 20,066 bilhões. Na época, a área ocupada envolveu 9,665 milhões (ha) ao valor médio de R$ 2,076 mil/ha. Para o próximo ciclo, com plantio programado para meados de setembro, o custo médio por hectare será um pouco menor (0,7%), em torno de R$ 2,284 mil, prevê o Imea.

Alta no custo de produção e preços baixos para comercialização da última safra diminuíram a capacidade do sojicultor mato-grossense de usar recursos próprios para financiar a atividade agrícola. Na temporada 2019/2020, o autofinanciamento da produção no Estado foi menor. Passou da proporção de 20% (R$ 5,912 bilhões) no último ciclo para 19% (R$ 6,322 bilhões), aponta o Imea. Há 5 anos, os recursos próprios custearam 40% da safra 2015/2016. O sojicultor gostaria de autofinanciar cada vez mais a própria produção, sem recorrer a outros agentes de financiamento, diz o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Antônio Galvan. “Mas, ele perdeu essa capacidade porque a margem (de lucro) caiu bastante”, afirma. “O preço da soja melhorou (na safra atual), mas foi vendido abaixo na safra passada, quando esteve em R$ 60 a saca (60 kg). Foi péssimo na safra 2018/2019. Agora voltou ao patamar da safra 17/18 e está na média de R$ 73”.

Outra mudança observada pelos analistas do Imea é que os produtores locais recorreram mais ao sistema financeiro de crédito e às contratações a juros livres. Essa fonte de financiamento elevou sua participação de 18% na temporada 18/19 (R$ 3,548 bilhões) para 25% na atual (R$ 5,661 bilhões). Dos bancos que operam recursos federais a juros controlados foram contratados R$ 4,228 bilhões ou 9% do custeio total neste ciclo, ante R$ 13% no anterior (R$ 3,833 bilhões).

“Os produtores estão acreditando mais no governo e entendendo que podem confiar que os juros não irão aumentar a curto prazo”, opina Galvan ao dizer que os recursos a juros controlados não são tão vantajosos para o produtor devido aos “penduricalhos” embutidos. “Para conseguir esses recursos para custeio, o produtor acaba sendo forçado a contratar seguro de vida, pagar projeto caro que o banco exige”. As contratações a juros livres e controlados fazem dos bancos os maiores financiadores do custeio da sojicultura.

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