Produtores de MT lutam para viabilizar exportação pelo Porto de Itaqui (MA)

Depois de passar quase uma semana participando de eventos, reuniões de trabalho e visitas ao Porto do Itaqui, localizado em São Luiz (MA), o presidente do Sindicato Rural de Vila Rica, Anísio Vilela Junqueira Neto, um dos organizadores do grupo, conta que o próximo passo é providenciar a construção de um armazém em seu município. “Precisamos de uma estrutura adequada para armazenar os produtos que serão exportados pelo porto do Itaqui”, enfatiza.

Netão, como é popularmente conhecido, conta que o grupo composto por prefeitos, produtores e presidentes de Sindicatos Rurais do Nordeste mato-grossense voltou muito otimista da viagem técnica ao Maranhão. “É gratificante ver a consolidação de um trabalho de 10 anos. Também ficamos grato com a presença do prefeito de Vila Rica, Abmael Borges da Silveira e da equipe do Sistema Famato que nos ajudou a mostrar o potencial do nosso estado e a necessidade de tornar a exportação pelo Porto do Itaqui uma realidade”. Netão também enfatizou a dedicação de Alexandre Lobo na organização do Fórum Pulse e Grãos Especiais no Corredor Centro Norte.

Os mato-grossenses se reuniram com os representantes da Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP), do Itaqui, em São Luiz (MA) e, visitaram o projeto estruturante do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), que transformará o Itaqui no principal porto exportador do Norte e Nordeste do Brasil. O investimento foi de R$ 600 milhões.

Com modais ferroviário e rodoviário para receber a produção de grãos, o terminal tem a perspectiva de equilibrar o escoamento da produção do país. Sua posição estratégica, localizado próximo aos mercados da Europa, América do Norte e Canal do Panamá, facilitará o acesso ao mercado asiático.

A expectativa é de que ainda neste mês de setembro, o porto volte a operar com containers, o que atende a necessidade de Mato Grosso para exportar grãos especiais e pulses. “Com o retorno da operação dos containers também podemos exportar a carne”, destaca o segundo vice-presidente do Sistema Famato, Marcos da Rosa. “Isso é de extrema importância para o nosso mercado, porque um dos nossos principais gargalos é exportar nossa produção”, complementa.

Além de conhecer o projeto que contempla a infraestrutura do porto do Itaqui, em São Luiz, no Maranhão, para a recepção de grãos, o objetivo dos mato-grossenses também foi mostrar o potencial de exportação do estado e enfatizar os números da produção da soja, milho, algodão, da carne e até do etanol. Ao todo, o porto pode exportar a produção dos 22 municípios da região Nordeste de Mato Grosso.

O superintendente do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca mostrou os dados de Mato Grosso e destacou as oportunidades. Latorraca também fez uma projeção da produção dos principais produtos que poderão ser exportados pelo porto do Itaqui. “Vale ressaltar que é um porto muito estratégico”.

De acordo com os dados do Imea, como um dos principais produtos, a soja tem 9,66 milhões de hectares de área plantada em Mato Grosso. Destes, 1,60 milhões de hectares de área plantadas são na região Nordeste do estado. “A produção desta região é de 5,54 milhões de toneladas e boa parte disso pode ser exportada pelo porto do Itaqui”, destaca Latorraca.Além dos grãos especiais, pulses e carne, o superintendente do Imea também falou sobre a produção e exportação do etanol de milho. “Vamos ter um aumento considerável na produção de etanol e precisamos exportar esse produto e o porto do Itaqui é uma opção”.

Para o diretor Vilmondes Tomain, o Tegram vai solucionar boa parte do problema de logística do país, incluindo o Centro-Oeste. “O Tegram vem para favorecer os produtores rurais de Mato Grosso e, também, de toda a região Centro-Oeste. O Porto do Itaqui vai alavancar o agronegócio brasileiro e destravar os problemas logísticos de Mato Grosso”, ressalta Tomain.

O diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi diz que o que chamou a sua atenção foi a possibilidade de melhoria na logística para a exportação tanto de carne em contêineres refrigerados como animais vivos, principalmente os oriundos dos municípios da região nordeste de Mato Grosso como Vila Rica e os outros 21 municípios da região.

A carne de Mato Grosso vem incrementando sua produção em quantidade e qualidade e o Porto do Itaqui é o que possui a melhor logística para exportação da produção da região nordeste. Itaqui é o porto mais perto da Europa e Ásia e tempo e o valor do frete são fatores que interferem na competitividade do nosso produto.

TEGRAM – O início da operação do Tegram representa um marco logístico para o Brasil. Na primeira fase do projeto, estima-se a movimentação de 5 milhões de toneladas de soja, farelo de soja e milho, utilizando um berço de atracação.

Já para a segunda fase, a previsão é que sejam movimentadas 10 milhões de toneladas de grãos anuais, provenientes da região conhecida como MATOPIBA, área formada pelos Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, além do nordeste do Estado do Mato Grosso, leste do Pará, oeste da Bahia e norte de Goiás.

Em 2018, o terminal movimentou 6,3 milhões de toneladas. Atualmente, a capacidade operacional do Tegram é de cerca de 7 milhões de toneladas de grãos ao ano.

Além de um berço de atracação, a infraestrutura abrange quatro armazéns com capacidade estática de 500 mil toneladas de grãos (125 mil por armazém), um shiploader (equipamento que transfere a carga para os navios), moegas rodoviárias e moega ferroviária. Quando toda a estrutura estiver finalizada, o Tegram deve receber 80% do volume pelo modal ferroviário e 20% pelo rodoviário.

O consórcio que administra o Tegram é formado pelas empresas Terminal Corredor Norte (ligada à trading NovaAgri, do grupo japonês Toyota Tsusho), Glencore Serviços (da trading Glencore), Corredor Logística e Infraestrutura (braço de logística do Grupo CGG, que tem ainda uma trading e produção de grãos) e ALZ Terminais Portuários (das tradings Amaggi, Louis Dreyfus e Zen-Noh Grain).

Veja também

Mapa acata recomendação do MPF de não autorizar mudanças no vazio sanitário da soja

Brasil deve exportar 96 milhões de toneladas de soja em 2024, diz consultoria

Chuva pode causar transtornos em áreas produtoras de soja nos próximos dias

Produtores em MT estimam quebra na receita de quase 50% e medidas de socorro anunciadas pelo governo federal não são suficientes para conter crise

Nova Ubiratã: mutirão aponta a produtores rurais facilidade para regularização ambiental com CAR Digital

Azeite falsificado: governo barra entrada de 20 mil litros no Brasil