Tem criança que não é inocente, enfatiza padre sobre menor de 10 anos estuprada

Após compartilhar uma publicação do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o padre Ramiro José Perotto, de Carlinda (762 km ao norte de Cuiabá), afirmou que a menina de 10 anos, vítima de estupro no Espírito Santo, “gosta de dar”. O print do comentário circula nas redes sociais.

Conforme o print, o pároco iniciou a discussão em seu perfil no Facebook, sobre o caso da menina de 10 anos que era estuprada pelo tio desde os 4, no Espírito Santo. A criança realizou aborto legal, com respaldo da justiça, após a gravidez proveniente dos abusos constantes.


Uma usuária criticou o compartilhamento. “Obrigar uma mulher a seguir com uma gravidez indesejada é errado. Obrigar uma mulher vítima de estupro a seguir com a gravidez é nojento”, disse.


O padre então respondeu, dizendo para a mulher “aprender interpretação de texto”. Em outro comentário, ele ainda duvida da inocência da menina. “Você acredita que a menina é inocente? Acredita em papai Noel também. 6 anos, por 4 anos e não disse nada”.


Respondendo as pessoas, ele afirma que ela aceitou os abusos. “Ela compactuou com tudo e agora é menina inocente”, diz, após rir. “Gosta de dar então assuma as consequências”. Feito o comentário, diversas pessoas iniciaram uma discussão e saíram em defesa da menor.

Segunda polêmica
Não é a primeira vez que a Paróquia de Carlinda é envolvida em polêmica. O antigo padre da matriz, Vailto Venâncio Filho, foi afastado de suas funções após denúncia de assédio sexual sofrido por duas vítimas, em fevereiro deste ano.


Um vídeo da câmera de segurança da igreja mostra o padre dando um tapa na bunda de uma funcionária do local. Ela e outra funcionária denunciaram que o padre as assediava e queria manter relações sexuais com elas.


Outro lado
De acordo com o padre, ouvido pelo Gazeta Digital, ele fez o comentário após republicar a mensagem do presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo. Na segunda-feira (17), o arcebispo disse que a interrupção legal da gravidez, feita na criança de 10 anos vítima de estupro, era um “crime hediondo” e que a “violência do aborto não se explica”.


O pároco conta que, na publicação, disse que a Igreja Católica é contra o aborto. “Eu republiquei a mensagem e coloquei como cabeçário, que pra igreja católica, nós somos contra o aborto. Se você é católico e é a favor, tem que repensar a sua fé. E começaram os ataques, dizendo que a igreja é pedófila, que padres são pedófilos”, conta.


Passado o compartilhamento, ele saiu para rezar, e quando abriu o perfil, se deparou com mais de 80 comentários. O padre então passou a responder as pessoas, quando fez o comentário que repercutiu.


No entanto, ele diz que as pessoas distorceram suas palavras e até mesmo o print que viralizou. “Começamos a conversar e eu falei que o que nós temos hoje uma sociedade erotizada, as crianças visualizam erotismo até no desenho animado. Tem criança de 10 anos que é inocente, e tem criança que não é. Mas eu jamais colocaria aquela mensangem, printaram e apagaram o nome da pessoa, jogaram um monte de coisa que eu não disse”, conta.


Ainda de acordo com ele, o Conselho de Assuntos Econômicos Paroquiais (CAEP) marcou uma reunião para esta tarde, onde será discutida a conduta do padre. “A igreja sempre foi atacada e sempre será. Estou tranquilo, que estou em paz, rezando pelas pessoas. Fui orientado a procurar um advogado, não quero mais mexer com isso, não me sinto acusado”, finaliza.

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