Imunidade cruzada seria a solução para combater a Covid-19?

Com o crescimento da pandemia ainda exponencial em alguns lugares do mundo, diversos estudos estão sendo realizados sobre a atuação do coronavírus no organismo humano. De acordo com algumas teorias, a maioria das pessoas não são suscetíveis à Covid-19 e a imunidade cruzada seria uma solução para combater o problema. O tema tem gerado uma grande discussão entre especialistas, alguns adeptos a essa conclusão e outros nem tanto.

O cientista britânico, Karl Friston, é um dos profissionais que afirmam que boa parte da população mundial é imune ao vírus. Segundo ele, só no Reino Unido, cerca de 80% das pessoas não poderiam contrair a doença.

Friston acredita que a ação governamental de diversos países de fechar comércios e suspender serviços teria sido baseada em uma ciência com falhas e que acarretará consequências que podem se estender por gerações futuras. Em sua técnica, chamada de “mapeamento paramétrico estatístico”, ele aponta que, para entender a imagem cerebral, ele vem aplicando seu método particular de análise bayesiana, que ele chama de “modelagem causal dinâmica”, aos dados disponíveis da Covid-19.

O cientista faz uma comparação do Reino Unido com a Alemanha, e sugere que a grande diferença entre os resultados locais não é primariamente um efeito das diferentes ações governamentais de cada país, mas sim pelo fato dos alemães serem menos “suscetíveis” ao contágio do que a população inglesa.

“O fato é que o alemão médio tem menos probabilidade de ser infectado e morrer do que o britânico médio. Por quê? Existem várias explicações possíveis, mas uma que parece cada vez mais provável é que a Alemanha tenha mais “matéria escura” imunológica – pessoas que são impermeáveis à infecção, talvez porque estejam geograficamente isoladas ou tenham algum tipo de resistência natural”, disse Karl.

A matéria escura consiste em um subconjunto da população que participa da epidemia de uma maneira que os torna menos propensos à infecção – ou com menor probabilidade de transmitir o vírus. A matéria escura representa uma abordagem epidemiológica distinta das outras abordagens, que assumem 100% de suscetibilidade da população.

O professor de Stanford e Prêmio Nobel, Michael Levitt, afirmou, no último mês de maio, a existência de algum tipo de “imunidade anterior”, hipótese que foi descartada por muitos estudiosos. No entanto, artigos recentes revelam evidências de algum nível de resistência e imunidade anteriores à Covid-19.

O estudo publicado em meados do mês passado pela revista científica Cell, da Elsevier, Targets of T Cell Responses to SARS-CoV-2 Coronavirus in Humans with COVID-19 Disease and Unexposed Individuals, apontou que 40% a 60% das pessoas não expostas têm resistência de outros coronavírus.
“É importante ressaltar que detectamos células T CD4+ reativas ao SARS-CoV-2 em 40% a 60% dos indivíduos não expostos, sugerindo o reconhecimento de células T reativas cruzadas entre coronavírus circulantes de resfriado comum e SARS-CoV-2”, diz o artigo.

No entanto, tais teorias não são unânimes entre os especialistas. O farmacêutico, bioquímico e doutor em doenças infecciosas pela Universidade Federal do Espirito Santo, Pedro Souza, é um deles. Segundo ele, se realmente mais de 80% das pessoas tivessem alguma imunidade contra o vírus, não haveria o crescimento exacerbado da doença, como vem ocorrendo ultimamente. 

“Se mais de 80% da população tivesse algum tipo de proteção cruzada por terem tido contato com outros tipos de coronavírus ou pessoas nessa “faixa escura” imunologicamente falando, nós não teríamos o efeito exponencial inegável na curva como tivemos no mundo inteiro”, afirmou ele ao 19 News.

Dr. Pedro acredita que, embora possa haver algumas pessoas com proteção cruzada, a maior parte da população é, sim, propensa à Covid-19. “Mesmo que levemos em consideração alguns países que tiveram menos casos, e fazendo o que diz essa teoria – ignorando o isolamento social como uma dos principais fatores que contribuíram para isso -, em todos os países a curva de contágio foi exponencial, corroborando a hipótese de que, sim, a grande maioria da população é susceptível à infecção pela Covid-19, que pode ter pessoas que tenham proteção cruzada, mas que são a devastadora minoria e que uma parte significativa das pessoas infectadas evoluem para a forma mais grave da doença, visto praticamente pela superlotação de leitos de UTI”, argumentou Souza.

Até o fechamento desta matéria, eram contabilizados 7.672.341 casos e 426.058 mortes no mundo todo em decorrência da Covid-19. No Brasil, já são 809.398 casos, sendo 41.162 mortes.

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