Ele voltou a ser internado no Centro Integrado de Atenção Psicossocial à Saúde Adauto Botelho (CIAPS), em Cuiabá, após se envolver em um suposto caso de violência doméstica em Campinas (SP) e apresentar agravamento do quadro de saúde mental.
Lumar Costa da Silva, de 34 anos, voltou a ser internado no Centro Integrado de Atenção Psicossocial à Saúde Adauto Botelho (CIAPS), em Cuiabá, neste domingo (14). A decisão ocorreu após um suposto episódio de violência doméstica envolvendo uma mulher, registrado em Campinas (SP), onde ele estava residindo com familiares desde que recebeu alta médica, em junho deste ano.
Segundo a Justiça de Mato Grosso, a nova internação foi motivada por indícios de agravamento do quadro psiquiátrico, além da suspeita de interrupção no uso da medicação prescrita. Embora diagnosticado com transtorno mental crônico e considerado perigoso, à época da alta foi avaliado que sua condição poderia ser acompanhada fora do ambiente hospitalar, desde que houvesse acompanhamento contínuo por equipe multiprofissional no CAPS de Campinas.
Lumar ganhou notoriedade nacional em 2019, quando matou a própria tia em Mato Grosso e arrancou o coração da vítima. Ele havia chegado ao estado poucos dias antes do crime, após deixar Campinas, onde também teria tentado matar a própria mãe. Na ocasião, o delegado responsável pelo caso, André Ribeiro, classificou o suspeito como “repugnante, monstro e perturbado”.
De acordo com a Polícia Civil, Lumar chegou a Mato Grosso em 28 de junho de 2019 para morar com a tia. No mesmo dia, entregou currículos na cidade. Familiares relatavam que ele era uma pessoa inteligente e falava duas línguas. Usuário de drogas, passou a consumir entorpecentes na casa da tia, o que gerou conflitos. A vítima, descrita como religiosa, se incomodava com o comportamento do sobrinho, e a família acabou alugando uma quitinete para que ele deixasse a residência.
Após o crime, Lumar confessou o homicídio e afirmou não sentir arrependimento, alegando ter ouvido “vozes do universo” que o teriam orientado a matar a tia. Dias depois, durante transferência para a Penitenciária Osvaldo Florentino Leite Ferreira, em Sinop, foi flagrado tentando enforcar outro detento dentro do camburão.
Laudos psiquiátricos entregues à Justiça apontaram que Lumar sofre de Transtorno Afetivo Bipolar e não possui condições de convivência em sociedade. Um primeiro exame, elaborado em 2020, indicou a doença, enquanto um segundo foi desconsiderado por ser considerado repetitivo e inconclusivo. O terceiro laudo, assinado pelo psiquiatra forense Rafael de Paula Giusti, confirmou o diagnóstico com base nos critérios do DSM-5, descrevendo episódios de humor expansivo, autoestima grandiosa, impulsividade, seguidos por períodos depressivos e pensamentos de morte.
O exame também destacou que o uso de substâncias alucinógenas, como LSD — relatado pelo próprio Lumar —, potencializa significativamente o risco de comportamentos violentos em pacientes com esse transtorno. Segundo o laudo, não há dúvidas sobre a necessidade de tratamento psiquiátrico por tempo indeterminado, considerando o comprometimento do juízo crítico, do autocontrole e o histórico de agressividade.
