Prefeitura organiza comitê para prevenir e combater incêndios florestais

“Ninguém quer colocar fogo na própria casa e é o produtor rural quem mais sofre com os incêndios florestais”. É assim que o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Silvano Felipetto, fala sobre o dilema que os agricultores começam a viver neste período, em que a chuva se despede e o tempo seco começa a mostrar sua face.

Assim como ele, a presidente do Clube Amigos da Terra (CAT), Dudy Paiva, em Sorriso há 43 anos, também sabe a importância de se começar a prevenir possíveis incêndios desde agora. No ano passado, a Fazenda Santana, da família de Dudy, ardeu em chamas. Segundo ela, além de atingir 99% da propriedade, as labaredas também provocaram estragos em sítios vizinhos, localizados no Assentamento Jonas Pinheiro. “Graças a Deus e ao apoio que recebemos, de instituições como a Defesa Civil, conseguimos salvar nossas vidas, mas vimos nossa fazenda ser toda queimada”, lamenta, acreditando que o trabalho conjunto que começa a ser alinhavado nesta quarta-feira (28), possa evitar novos desastres.

Reunidos no Centro de Eventos Ari José Riedi, representantes da Prefeitura e de diversas outras instituições, como o do Sindicato Rural, o CAT, a  Aprosoja, o Corpo de Bombeiros Militar (BM), a Polícia Militar (PM), a Polícia Judiciária Civil (PJC), associações empresariais, concessionárias de rodovias, entre outros públicos, começaram a dar corpo ao Gabinete de Controle de Incêndios Florestais, criado pela Prefeitura e que será capitaneado pelo secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente (Sama), Marcelo Lincoln.

“Iniciamos hoje a divisão deste gabinete em grupos de trabalho e vamos chamar outras instituições, como a Câmara de Vereadores e universidades, por exemplo, para avançar neste processo, que, depois de articulado, continuará sua atuação de maneira ininterrupta”, comenta o gestor, acrescentando que a função central do Comitê é, além de atuar na prevenção de incêndios por meio da sensibilização de toda a comunidade, também é de agir de maneira articulada e imediata no combate a possíveis incêndios, que “esperamos que não aconteçam”.

“Precisamos quebrar este paradigma que relaciona o produtor rural à destruição das florestas”, aponta o prefeito de Sorriso, Ari Lafin, esclarecendo que a preservação da floresta é indispensável para o agronegócio, que só é rentável quando alicerçado nos princípios da sustentabilidade.

O fato de o agro sorrisense ser destaque em práticas sustentáveis foi lembrado pelo produtor rural Darci Getúlio Ferrarin Júnior. Ex-presidente do CAT, Júnior mostrou que Sorriso tem assento garantido na Round Table on Responsible Soy (RTRS) e, em fevereiro do ano passado, pela primeira vez, a Capital Nacional do Agronegócio recebeu uma Field Trip da instituição. A viagem teve o objetivo de conhecer produtores locais que integram a RTRS, com fazendas certificadas de vários tamanhos, bem como acompanhar os impactos positivos da certificação RTRS e a integração na cadeia produtiva de suprimento da soja e também do milho.

Além da articulação local, o prefeito também pretende levar a demanda adiante. “Assim que estivermos com as ações do Comitê fundamentadas em um documento, temos a intenção de, junto aos produtores rurais, encaminhar este planejamento a Brasília, para angariar o apoio do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do ministro da Defesa Civil, Walter Braga Neto, e por consequência, do nosso presidente Jair Messias Bolsonaro”, acrescenta.

Ari reitera ainda que Sorriso já é a sede da primeira Base Aérea de Combate a Incêndios Florestais da Amazônia. Localizada no Aeroporto Regional Adolino Bedin, a base é o ponto de partida das aeronaves que fazem chover quando o fogo arde nas florestas e nas plantações.

Comandante do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopar), o tenente-coronel Flávio Ramalho reforça que as duas aeronaves Air Tractors foram para revisão, garantindo que estejam em plenas condições quando o período mais crítico da seca começar, de julho a setembro.

O coordenador de Proteção e Defesa Civil (Compdec) do Município, Fábio dos Santos, também destaca que o trabalho será intenso para evitar o terror vivenciado em 2020. “Participamos de uma formação específica no ano passado e certamente poderemos contribuir para o resultado positivo deste trabalho”.

Comandante da 10.ª Companhia Independente Bombeiro Militar (CIBM), o capitão Eraldo das Neves Moura acrescenta que os militares anualmente promovem um plano de trabalho dividido nas fases de prevenção, preparação, combate e responsabilização quando o assunto são os incêndios florestais. “Neste momento, estamos na fase da preparação, com militares participando de um curso na capital e nos próximos dias, de 17 a 21 de maio, promoveremos os cursos para a formação de brigadistas”.

Quando se fala em responsabilização, o delegado da PJC de Sorriso, José Getúlio Daniel, lembra que a instituição estará a postos para este trabalho de responsabilização de pessoas que praticam estes atos ilícitos. “ Contamos com o apoio da Delegacia Estadual de Meio Ambiente, a Dema, que atua em todo o Estado e que poderá nos prestar auxílio se for necessário.

E é assim, cada um fazendo a sua parte, agindo de maneira preventiva e com o foco na extinção imediata de qualquer foco de incêndio que venha aparecer, que Sorriso se prepara para o período da seca, em que o milho que conseguiu ser plantado no meio do aguaceiro do início do ano, possa ser colhido com segurança. “Os produtores já podem fazer seus aceiros, nivelar a beira das estradas e deixar a manutenção do maquinário em dia, para se preparar para este período que todos nós tanto tememos”, lembra Silvano Felipetto.

“Estamos à disposição, como sempre estivemos, para contribuir ao máximo para que nossos produtores possam plantar e colher com segurança e, de maneira geral, que nossos munícipes não sofram com o fogo e a fumaça, que tantos danos trazem à saúde também”, pontua o prefeito.

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