Dia das Crianças é momento de lembrar dos direitos da infância definidos na Constituição Federal

O relatório covid-19 e Desenvolvimento Sustentável, divulgado em setembro pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostra que crianças e adolescentes são as principais vítimas da pandemia. A defasagem de atendimento nas áreas de educação, alimentação e renda trará consequências duradouras, de acordo com o levantamento. Para especialistas, o reforço de recursos para políticas públicas voltadas a esses cidadãos é ainda mais necessário para fazer frente aos efeitos da pandemia.

Há defasagem de recursos para políticas públicas voltadas às infâncias e adolescências em todas as instâncias: nacional, estadual e municipal, de acordo com o secretário do Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (FNDCA), Vicente Sossai Falchetto, assessor de Solidariedade e Advocacy do Marista Centro-Norte. “Não se faz política pública sem dinheiro e agora estamos em uma situação agravada. Aumentaram demais os problemas ligados à criança e ao adolescente no nosso país, como abuso sexual e a qualidade do ensino”, comenta.

Orçamentos municipais e estaduais devem priorizar as políticas voltadas para crianças e adolescentes, na opinião de Débora Reis, representante da sociedade civil pelo Centro Marista de Defesa da Infância (CMDI), do Grupo Marista, no Conselho Estadual dos Direitos da Criança e Adolescente do Paraná (CEDCA-PR). “Temos que, de fato, colocar crianças e adolescentes como prioridade absoluta na construção das políticas e orçamento públicos. Esse é um desafio no Brasil inteiro: olhar as políticas e a destinação de recursos públicos a partir dessa prioridade, que está na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente”, defende Débora.

Até dezembro, os legislativos municipais votam os planos plurianuais, que definirão diretrizes, objetivos e metas da administração pública municipal, incluindo a destinação de verbas para os próximos quatro anos.

Reabertura das escolas e prioridades

Uma das formas de diminuir os danos causados pela pandemia é a sociedade acompanhar o processo de volta às aulas. Para um dos membros do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e diretor do Colégio Marista de Aracati (CE), Edvaldo Ferreira de Lima, os conselhos estaduais e municipais de direitos de crianças e adolescentes terão papel essencial nessa fiscalização da volta às aulas presenciais, além da garantia de superação do déficit de aprendizagem gerado pela pandemia.

“A função dos conselhos nesse momento é tentar garantir os direitos de crianças e adolescentes, fiscalizar se as condições estão adequadas para que os estudantes possam voltar às salas de aula. O ideal seria que todos estivessem vacinados, além de toda a equipe da escola. É preciso assegurar, então, que os espaços estejam preparados, obedecendo protocolos de segurança, e que os estudantes sejam ouvidos, já que podem apresentar fragilidade, ansiedade, depressão, entre outras sequelas provocadas por esse longo período em casa”, comenta Lima.

A crise econômica gerada pela pandemia agravou as desigualdades sociais e tornou visível as consequências para as crianças.  Valdir Gugiel, diretor Institucional da Marista Escola Social São José (SC), diz que aumentou o número de crianças e adolescentes com necessidade de alimentação na escola. “A pobreza está atrelada à ausência de políticas públicas, ao desemprego e à fome. Percebemos que as crianças e adolescentes estão com mais fome, falta de concentração, apáticos e isso atrapalha o processo de aprendizagem delas. Os preços dos alimentos estão subindo e para essas famílias que não têm outra fonte de renda, o impacto é maior”, comenta Gugiel, que também é conselheiro estadual dos Direitos da Criança e Adolescente em Santa Catarina.

Conselhos e a mobilização social

Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos Direitos de Crianças e Adolescentes são espaços de participação popular que tem por finalidade a efetivação dos direitos de meninas e meninos. Os membros dos conselhos se reúnem para formular, deliberar e controlar ações referentes aos direitos da criança e do adolescente em todos os níveis, seguindo leis federais, estaduais e municipais.

Os conselhos são compostos de forma paritária, ou seja, com representantes de entidades governamentais e sociedade civil que possuem atuação na promoção, proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes. “Esse é o espaço para o qual são levadas as demandas da sociedade para discutir quais as melhores estratégias para atender e assegurar esses direitos. Também é um espaço que serve para a construção de políticas públicas que garantam direitos não contemplados pelo poder público, ou seja, que preencham as lacunas desses direitos. No Paraná, o Conselho está organizado há 30 anos e seus representantes, da sociedade civil e do governo, analisam e deliberam políticas e recursos para que a prioridade absoluta seja de fato realidade para todas as crianças e adolescentes paranaenses”, explica Débora Reis, reeleita conselheira para o biênio 2021-2023, e que tomará posse em 25 de outubro.

Nos conselhos são deliberadas, por exemplo, propostas para a elaboração de leis voltadas aos interesses da criança e do adolescente, e articuladas com o Poder Legislativo, e com a mobilização necessária para sua aprovação. Também é atribuição do conselho acompanhar a elaboração e avaliar a proposta orçamentária do governo, indicando modificações necessárias à execução das políticas públicas destinadas a esses cidadãos. Os conselhos se organizam em reuniões abertas à comunidade, todo cidadão tem o direito de participar e contribuir nos debates e controle social.

Veja também

Sorriso: bebê de 3 meses morre após ser amamentado durante madrugada

Caminhoneiro morto em acidente na BR 163 em Nova Mutum será sepultado em Sorriso

Abalo sísmico de 3,2 graus é registrado em Ribeirão Cascalheira, Mato Grosso

Menor foge de abordagem policial e colide carro da mãe em rotatória no centro de Sorriso

Condições facilitadas são oferecidas pelo programa Refis Extraordinário II, do Governo de MT

Fazenda MT amplia obrigatoriedade de integração de Notas Fiscais com meios eletrônicos de pagamento