A especialista destacou sinais de alerta, fatores de risco, formas de prevenção e a importância do apoio da família no tratamento das crianças que enfrentam esse transtorno emocional
Dando sequência à série de entrevistas da semana “Depressão Tem Cura”, o programa A Voz do Povo, da Sorriso FM, recebeu nesta terça-feira (28) a psicóloga Patricia Martinello, que abordou um tema sensível e de extrema relevância: a depressão infantil.
Durante a conversa, Patricia destacou que, ao contrário do que muitos imaginam, crianças também podem sofrer de depressão. Entre os principais sinais de alerta, estão mudanças bruscas de comportamento, isolamento, irritabilidade excessiva, queda no rendimento escolar, alterações no sono e no apetite, além da perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas.
A psicóloga explicou que é comum os pais confundirem a tristeza momentânea com um quadro depressivo. A diferença, segundo ela, está na intensidade, frequência e duração dos sintomas. “A tristeza é passageira, faz parte do desenvolvimento emocional. Já a depressão persiste por semanas ou meses e impacta diversas áreas da vida da criança”, afirmou.
Entre os fatores que contribuem para o desenvolvimento da depressão na infância, Patricia citou questões genéticas, histórico familiar, ambiente familiar conturbado, perdas afetivas, dificuldades escolares e, principalmente, situações de bullying ou exclusão social.
Os impactos da depressão na infância podem ser profundos, afetando o desenvolvimento emocional, social e acadêmico da criança. Por isso, a psicóloga enfatizou a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento especializado.
Patricia ressaltou ainda o papel fundamental da família no tratamento e na prevenção da depressão infantil. “A escuta ativa, o acolhimento e a presença dos pais fazem toda a diferença”, disse. Em muitos casos, a terapia infantil envolve também os responsáveis, promovendo mudanças no ambiente familiar e fortalecendo os vínculos afetivos.
Segundo ela, embora a depressão possa surgir em diferentes idades, é mais comum a partir dos 6 anos, quando a criança começa a desenvolver maior consciência emocional e social. A prevenção, por sua vez, passa pelo estabelecimento de vínculos seguros, rotina estável, incentivo à expressão emocional e atenção aos sinais de sofrimento psíquico.
Quanto ao tratamento, Patricia explicou que a psicoterapia é o principal recurso, podendo ser aliada a outras abordagens, como o acompanhamento psiquiátrico em casos mais severos. O acompanhamento contínuo e o apoio da escola e da família são indispensáveis para o sucesso do tratamento.
A entrevista reforçou a importância de olhar com mais atenção para a saúde mental das crianças, promovendo espaços de diálogo, acolhimento e cuidado desde os primeiros anos de vida.
Veja a entrevista no vídeo.