Em ação voluntária, médicos do ICB investigam riscos de diversos tipos de câncer durante a Expedição Médicos do Pantanal

Todos os anos, desde 2012, ocorre a expedição Alma Pantaneira, liderada pelo médico ortopedista Dr. Walter Albaneze, na qual médicos e outros profissionais de saúde, voluntariamente, são levados às regiões rurais do Pantanal com o objetivo de fornecer acesso a serviços básicos de saúde para a população. Durante uma das expedições pelo Pantanal do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o ICB desenhou um Estudo observacional brasileiro, previamente aprovado no Comitê de Ética Médica (CEP), que coletou dados de pacientes de ambos os sexos e maiores de 18 anos visando entender os principais fatores de risco para o câncer e o acesso a exames de rastreamento naquela população. A amostra do estudo foi definida por conveniência, incluindo todos os pacientes atendidos pelo programa entre 18 de novembro de 2021 e 30 de novembro de 2021. O trabalho foi selecionado para publicação eletrônica no maior e mais prestigiado congresso de oncologia do mundo: ASCO 2023- American Society of Medical Oncology. O oncologista Dr. Jose Marcio Barros Figueiredo é o primeiro autor do trabalho; Dr. Luis Eduardo Zucca é o autor sênior.
A expedição teve início em Cuiabá (MT) e adentrando o Pantanal pelo município de Poconé (MT), chegando a Corumbá (MS), após percorrer mais de 1000km. Devido às dificuldades de acesso e distância, essa região praticamente não possui assistência pública, apesar das medidas estabelecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a população brasileira.

Dessa forma, o ICB conseguiu coletar informações cruciais sobre a população pantaneira e os principais riscos da formação de neoplasias como câncer de mama, câncer de pulmão, câncer de intestino, de colo de útero e de próstata.

“É urgente a necessidade de adoção de políticas públicas na população estudada e ampliação do acesso à prevenção, rastreamento, diagnóstico e tratamento precoce do câncer”, explicam os autores.

Fatores de Risco

No total 156 pacientes participaram do questionário de saúde, com uma média de idade entre 14 e 41 anos, em que 63,5% eram homens e 36,5% eram mulheres.

Entre a população estudada, 70,5% se declararam pardos, 10,9% negros e 15,4% brancos. As principais informações coletadas e que são fatores de risco para o desenvolvimento de câncer foram:

• A principal doença que acomete essa população é a Hipertensão arterial (23,7%), seguida pela diabetes (3,2%);
• Mais da metade da população foi constatada com sobrepeso ou obesidade grau I;
• 38,5% eram fumantes ativos, 3,2% declaram ser ex-fumantes e mais da metade consumiam bebidas alcóolicas frequentemente;
• Apenas 65.9% das mulheres com mais de 25 anos realizaram o teste de Papanicolau nos últimos 2 anos;
• Somente 42.9% dos homens acima dos 45 anos realizaram o teste PSA;
• apenas 5,8% da população com mais de 45 anos realizou colonoscopia;
• 12.3% relataram parentesco primário ou secundário com diagnóstico de câncer;
• Além disso, 4,5% da população tinha 3 ou mais parentes de primeiro ou segundo grau com histórico de câncer antes dos 50 anos;
• As taxas de cobertura mamografia serão divulgadas em um segundo momento.

Esses dados expõem os altos índices de risco para desenvolvimento de câncer, sendo alguns acima da média em comparação com o resto da população brasileira.

“O estudo gerou dados epidemiológicos até então não disponíveis na região do Pantanal sobre a prevalência dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de neoplasias malignas, bem como medidas de prevenção primária e secundária. O rastreamento populacional para o câncer está abaixo da meta estabelecida pela OMS para os tipos de câncer mais prevalentes. Fatores de risco como tabagismo, etilismo e excesso de peso estão acima da média da população brasileira”, observaram os autores.

O próximo passo será a entrega de um relatório técnico, formulado pelos pesquisadores do Instituto do Câncer Brasil-ICB e o Instituto Alma Pantaneira, propondo políticas públicas específicas para todos os municípios da planície pantaneira, priorizando a prevenção primária e secundária de câncer com acesso diferenciado a exames de rastreamento.

O estudo foi financiado pelo Instituto Alma Pantaneira e pelo Instituto do Câncer Brasil de Ensino e Pesquisa.

Apoio institucional: Instituto Projeto Cura

Referência: Cancer risk factors and screening tests in the Pantanal population, a rural area in Brazil.
First Author: Jose Marcio Barros Figueiredo, MD
Meeting: 2023 ASCO Annual Meeting
Session Type: Publication Only
Session Title: Publication Only: Health Services Research and Quality Improvement
Track: Health Services Research and Quality Improvement
Subtrack: Healthcare Equity/Access to Care

O Instituto do Câncer Brasil

O Instituto do Câncer Brasil é uma instituição especializada no atendimento e tratamento de oncologia, com o objetivo de proporcionar acesso descentralizado e de alta qualidade aos serviços oncológicos em diferentes regiões do país. Com a implantação de estruturas clínicas, cirúrgicas e de radioterapia, o ICB colabora com hospitais, clínicas privadas e também estabelece parcerias com o Sistema Único de Saúde (SUS).

O compromisso do Instituto do Câncer Brasil é proporcionar um tratamento completo e abrangente, considerando as necessidades individuais de cada paciente. Além de oferecer serviços médicos de excelência, a instituição busca promover um ambiente acolhedor e confortável, durante todo o processo de tratamento.

Com uma equipe dedicada e comprometida, o ICB contribui para a luta contra o câncer, priorizando a saúde e o bem-estar dos pacientes em todas as etapas do tratamento.

Com o intuito de ampliar o acesso aos cuidados oncológicos, o ICB possui seis unidades distribuídas em diferentes localidades do Brasil. Na região Centro-Oeste do país, três unidades estão situadas em Corumbá (MS), Três Lagoas (MS) e Sorriso (MT). Essas unidades contam com profissionais especializados em diversas áreas da oncologia, trabalhando de forma integrada para garantir um atendimento eficiente e humanizado aos pacientes.

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