Ex-bicheiro Arcanjo conseguia interceptar documentos do MP, MPF e até da Abin

O ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro conseguia interceptar investigações, relatórios e ofícios dos Ministérios Públicos Estadual e Federal sobre o jogo do bicho, além de conseguir com a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) um relatório de investigação sobre ele próprio.

É o que apontam os documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) nas factorings e na casa do ex-bicheiro, durante a deflagração da Operação Arca de Noé, no ano de 2004.

De acordo com os documentos, Arcanjo conseguiu ter acesso a ofícios e requerimentos enviados pelo Ministério Público Estadual à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública sobre a relação dos locais de pontos de jogos do bicho sob seu comando.

Os requerimentos do MP, à época, buscavam cobrar do Governo medidas de combate ao jogo do bicho.

Um documento do Ministério Público Federal, com o mesmo teor de recomendação ao Governo para combater o jogo do bicho no Estado, também foi encontrado durante as apreensões.

Entre os documentos apreendidos, há uma correspondência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) endereçada a Arcanjo, de junho de 2001.

Junto com a correspondência, estava uma certidão contendo dados relativos à sua pessoa e uma possível cópia de uma investigação da Abin contra ele.

A reportagem apurou junto com fontes que a Abin não fornece documentos ou certidões para pessoas civis de forma oficial ou sob requerimento – o que pode indicar que Arcanjo tenha conseguido esses papéis de forma extraoficial.

A documentação apreendida pela PF na Operação Arca de Noé, em 2004, veio à tona somente agora o relatório de apreensão foi obtido em primeira mão pelo Midiajur.

Os documentos incluem, por exemplo, a lista de devedores de Arcanjo e o valor dos créditos que ele tinha a receber dessas pessoas na época da apreensão dos documentos.

O valor total dos créditos era de mais de R$ 71,2 milhões em 2004, mas quando aplicada a atualização inflacionária do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) da Fundação de Getúlio Vargas (FGV), esse montante equivaleria a mais de R$ 311,5 milhões nos dias de hoje.

Além disso, os documentos mostram relações comerciais mantidas por ele com prefeituras de Mato Grosso, incluindo a prefeitura de Cuiabá.

O homem, que foi conhecido como a maior liderança do crime organizado em Mato Grosso, chefiava o jogo do bicho no estado e era dono de empresas como Confiança Factoring, One Factoring Fomento Mercantil Ltda, Tangará Factoring Fomento Mercantil Ltda. e outras com braços no interior do Estado.

 

Veja também

Princípio de incêndio atinge refeitório de empresa as margens da BR-163

Governo de MT realiza 1º Feirão SER Família Habitação com 1,5 mil imóveis disponíveis e subsídio de até R$ 25 mil

Maysa Leão participa da campanha “21 dias de ativismo” em Sorriso

Polícia Civil cumpre 41 ordens judiciais contra facção criminosa envolvida em extorsão de empresários em Sinop

Black Friday deve movimentar R$ 5,4 bilhões no comércio brasileiro

Novos benefícios sociais exigirão RG nacional a partir de maio