Nomeação pelo prefeito de assessor que agrediu Juíza durante campanha gera indignação em Sorriso

O cargo tem salário de R$ 14.871,40

A recente nomeação de Adriano Fabrício para o cargo de Assessor Adjunto do Gabinete do Prefeito de Sorriso gerou forte reação entre parlamentares, entidades de defesa das mulheres, juristas e organizações de direitos humanos. Com um salário de R$ 14.871,40, a decisão foi oficializada pela Portaria nº 454, de 10 de fevereiro de 2025, assinada pelo prefeito Alei Fernandes (União Brasil) e publicada pelo Município de Sorriso. Fabrício passou a atuar diretamente no gabinete desde o dia 3 de fevereiro.

A polêmica em torno da nomeação se deve ao histórico de Adriano Fabrício, que ficou conhecido por ter atacado a juíza eleitoral da 43ª Zona Eleitoral de Sorriso, Emanuelle Navarro, durante as eleições municipais de 2024. A decisão de conceder-lhe um cargo estratégico no governo municipal foi interpretada como um retrocesso democrático e um ataque institucional.

No dia 4 de outubro de 2024, a juíza eleitoral determinou a retirada de bandeiras eleitorais instaladas ilegalmente em rotatórias do bairro Recanto dos Pássaros. Irritado, Adriano Fabrício teria avançado com sua caminhonete contra o carro da magistrada, descido do veículo, aberto a porta e começado a ameaçá-la. Antes da chegada da polícia, ele fugiu do local.

Na época, a coligação Unidos pelo Desenvolvimento (Republicanos, União, PRD e Federação PSDB-Cidadania), da qual Alei Fernandes fazia parte, divulgou uma nota de repúdio assinada pelo então candidato e seu vice, Acácio Ambrosini. Entretanto, a nomeação de Adriano Fabrício cinco meses depois foi vista como uma contradição ao discurso de repúdio.

A escolha do prefeito foi amplamente criticada. Uma vereadora lamentou que a nomeação concedesse um cargo estratégico e um salário elevado a alguém que ameaçou uma magistrada, representante do Poder Judiciário, especialmente no mês de março, marcado pela celebração da luta das mulheres por respeito e igualdade.

Nos bastidores da Câmara de Sorriso, a decisão já causa desconforto até entre aliados do prefeito. Movimentos sociais e organizações femininas prometem manifestações públicas contra a nomeação.

Uma liderança local destacou que, cinco meses após o episódio, o discurso de repúdio não se sustentou e que a nomeação de Adriano Fabrício para um dos cargos mais próximos do gabinete, com um salário significativamente superior à média do trabalhador sorrisense, transmite a mensagem de que a violência política de gênero pode ser recompensada no governo municipal.

No anexo, a portaria da nomeação publicada no Diário Oficial do município e a nota de repúdio divulgada à época dos fatos.

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