Mais cinco cidades de PE registram casos de lesões na pele que provocam coceira; surto atinge 11 municípios

Cabo de Santo Agostinho, Igarassu, Ipojuca, Itapissuma e Nazaré da Mata divulgaram, nesta quinta-feira (25), que registraram notificações. Surto também atinge a capital e outras cinco cidades.

Mais cinco cidades de Pernambuco registraram casos de moradores com lesões na pele que provocam coceira: Cabo de Santo Agostinho, Igarassu, Ipojuca e Itapissuma, no Grande Recife, e Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte. Com esse acréscimo, divulgado nesta quinta (25), subiu para 11 o número de municípios com notificações de ocorrências ligadas ao surto.

A lista inclui, ainda, Recife, Camaragibe, Paulista, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e São Lourenço da Mata. As pessoas relatam coceira intensa, com lesões avermelhadas espalhadas pela pele. A causa do surto é desconhecida e segue em investigação (veja mais abaixo nesta reportagem).

Agora, dos 14 municípios do Grande Recife, dez apresentam casos. Nazaré da Mata é a primeira cidade do interior a fazer a notificação.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), constam, no Centro de Informações Estratégicas de Vigilância à Saúde (Cievs), até agora, 199 casos sintomáticos que apresentaram erupção cutânea e coceira.

Esses números, no entanto, divergem dos informados pelos municípios individualmente. As prefeituras apontam para a identificação de mais de 300 casos no Grande Recife e na Zona da Mata Norte.

Os primeiros casos do surto apareceram no Recife, no início do mês passado (veja vídeo acima). Desde o dia 1º de outubro, foram contabilizadas 149 pessoas com sintomas na capital.

Também foram identificados 22 casos em Olinda, seis em Paulista, 21 em Jaboatão dos Guararapes e seis em São Lourenço da Mata, além de 108 em Camaragibe.

O Cabo de Santo Agostinho notificou, nesta quinta, cinco casos, que estão sendo investigados por equipes da Vigilância Epidemiológica do município.

A orientação da Secretaria Municipal de Saúde é que a população procure a unidade de saúde mais próxima para que possa ser realizada uma avaliação clínica.

Em Igarassu, foram notificados dois: uma criança de cinco anos e um idoso de 72 anos, moradores do Sítio Lira e do bairro de Saramandaia.

De acordo com a prefeitura, os casos estão sendo investigados e amostras de sangue e de água foram encaminhadas para análise clínica no Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE).

O município de Itapissuma registrou três casos nesta quinta. Todos foram encaminhados para a investigação da Vigilância Epidemiológica.

De acordo com a prefeitura, os pacientes estão em observação, tomando antialérgico e foram orientados a evitar contato com outras pessoas.

A Secretaria de Saúde de Ipojuca notificou cinco casos suspeitos: uma criança e quatro adultos. Todos apresentaram sinais de vermelhidão na pele e coceira e procuraram os serviços de saúde.

Em Nazaré da Mata, na Mata Norte, três pessoas com lesões avermelhadas e coceira foram identificadas pela Secretaria de Saúde do município.

Investigação
De acordo com a SES-PE, os casos estão sob investigação clínica, epidemiológica e laboratorial pelos municípios, com apoio da equipe técnica da SES-PE, Lacen-PE e especialistas.

No dia 19 de novembro, o Núcleo de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde lançou uma nota técnica que orientou os serviços e profissionais de saúde a notificarem, em até 24 horas, o Cievs sobre os casos de pessoas com lesões na pele e coceira.

As gestões municipais, a SES e especialistas ainda não identificaram qual a causa das lesões. As possibilidades investigadas vão desde a escabiose, conhecida popularmente como sarna humana, até reações alérgicas ou desequilíbrios ambientais provocados por questões como água e proximidade com áreas de mata.

A relação com arboviroses, que são as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika vírus e chikungunya, é uma possibilidade remota apontada pelos epidemiologistas.

Surto de lesões na pele que causam coceira: saiba quais as possíveis causas que são investigadas no Grande Recife

Sarna humana, alergia e doenças causadas por mosquito são algumas das possibilidades levantadas por especialistas e secretarias de Saúde do Grande Recife como causa do surto de pessoas com lesões na pele que provocam coceira. Até esta quarta-feira (24), foram notificados ao menos 202 casos em três cidades da Região Metropolitana, segundo as secretarias municipais de Saúde.

Os primeiros casos sugiram no Recife, no início do mês passado. Desde o dia 1º de outubro, foram contabilizadas 134 pessoas com sintomas.

Em Camaragibe, foram 62 registros até a manhã desta terça. Paulista, terceira cidade a registrar pacientes, contabilizou mais três pessoas, subindo o total para seis.

Um surto é qualquer doença ou agravo que foge do padrão. O infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz Demetrius Montenegro acompanha as investigações dos casos como especialista e faz parte da comissão que atua junto à prefeitura do Recife.

“Não se tem ainda a causa. Alguns dermatologistas já viram as lesões e cada pessoa apresenta de uma forma diferente. Como você não tem um padrão na apresentação dessas lesões, fica mais difícil de você fechar uma causa para esse quadro”, explicou o infectologista.

No dia 19 de novembro, o Núcleo de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde emitiu uma nota técnica que orientou os serviços e profissionais de saúde a notificarem, em até 24 horas, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) do estado sobre os casos de pessoas com lesões cutâneas e coceira.

A orientação, feita após o início das investigações no Recife, é válida para a identificação de todo tipo de lesão desde o dia 1° de outubro, com ou sem sintoma de febre ou diarreia e vale para todos os municípios da Primeira Regional de Saúde, que inclui todas as cidades da Região Metropolitana do Recife, entre outras.

“Na investigação de um surto como esse, tem que se levar em consideração todas as possibilidades. A gente não encontrou ainda uma resposta para justificar todos os casos e é disso que estamos atrás”, apontou Montenegro.
A Secretaria Estadual de Saúde afirmou, em nota, que está trabalhando junto à capital na investigação e ofertando apoio técnico para as prefeituras que registraram casos similares aos do Recife, mas que ainda verifica as informações “junto às secretarias municipais para notificação oficial”.

Sarna
A escabiose, conhecida como sarna, é uma das possibilidades investigadas pelos três municípios. “Algumas pessoas têm lesões muito semelhantes à sarna. Quando trata, fica boa. Mas tem outras em que as lesões não se parecem com sarna e, mesmo fazendo tratamento, não melhora”, disse Montenegro.

O médico do município de Paulista Jonas Lopes explicou que o diagnóstico para o caso de sarna é clínico, mas que exames laboratoriais podem ser feitos para a confirmação do quadro. O exame laboratorial é feito a partir de uma pequena raspagem de amostra da pele onde é investigada a presença do ácaro do tipo Sarcoptes scabiei variedade hominis, que causa a doença.

O contágio da doença acontece entre humanos através do contato direto com a pessoa infectada ou com roupas e demais objetos contaminados. “O diagnóstico é basicamente clínico, a manifestação mais de prurido [sensação de coceira], essas lesões de pele, quem fica avermelhadas associadas à coceira e escamação”, informou Lopes.
O médico de Paulista contou que atendeu mãe e filha com sintomas que pareciam ser de sarna no começo de novembro. As duas tinham lesões avermelhadas e coceira, mas sem registro de febre ou falta de ar. “Eu prescrevi o tratamento pensando em escabiose, mas só que não houve melhora no quadro delas. Voltaram para mim e disseram que não melhoraram”, recordou.

Lopes informou que o tratamento, caso o diagnóstico seja sarna, é feito com uso de medicação oral e também no local das lesões. “Se não melhorar a gente repete com sete dias. Geralmente a doença dura em torno de 15 dias”, disse o médico (veja vídeo acima).

De acordo com o diretor de vigilância epidemiológica de Paulista, Júlio César Pereira, não foram realizados exames laboratoriais em nenhum dos seis casos notificados. “Nós ainda não temos protocolos fechados para questão de diagnóstico laboratorial”, disse o diretor.

Demetrius Montenegro apontou que uma das dificuldades da investigação sobre as causas do surto está em conseguir realizar esse exame para diagnosticar sarna porque as pessoas já começaram o tratamento. Com a presença do medicamento, a capacidade do teste detectar o ácaro diminui.

Em Camaragibe, 30 dos 62 casos notificados tinham suspeita médica de ser sarna, mas também não foram realizados exames ainda, segundo o diretor de Vigilância em Saúde do município, Geraldo Vieira. No entanto, chamou a atenção o fato de que, em algumas famílias, apenas uma ou duas pessoas da casa apresentam sintomas.

“A diferença é que, quando é uma doença infecciosa, uma pessoa na casa passa para todas. Por exemplo, se fosse uma coisa como um vírus ou bactéria, não pegaria só em uma pessoa de uma casa”, apontou Vieira.

Demetrius Montenegro explicou que, embora existam casos de apenas uma pessoa com sintomas em casa, há também aqueles em que toda a família apresenta sintomas, o que também dificulta a investigação de uma causa única.

Os três municípios iniciaram pesquisas para tentar identificar se as lesões têm alguma relação com as arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, tais como dengue, zika vírus e chikungunya.

Em novembro deste ano, a capital pernambucana informou que entre os dias 3 de janeiro e 23 de outubro deste ano registrou aumento de 453% nos casos confirmados de arboviroses, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A possibilidade de o surto ter relação com doenças transmitidas pelo Aedes argypti não foi excluída, mas está “totalmente em segundo plano”, afirmou o infectologista Demetrius Montenegro, apontando que parte dos pacientes já passaram por exames sorológicos.

“Foi feita uma análise sorológica e não foi encontrada uma relação entre as pessoas que estão tendo essas lesões com exames positivos tanto para dengue, quanto zika e chikungunya”, disse.

O diretor de Vigilância em Saúde de Camaragibe afirmou que, do que foi visto até na cidade, as lesões não se parecem com as de quem tem arboviroses. “As lesões são diferentes, são maiores que o rash cutâneo [manchas vermelhas]”, declarou Geraldo Vieira.

Outro ponto que faz zika, dengue e chikungunya serem uma possibilidade remota, segundo Demetrius Montenegro, é o fato de as pessoas não apresentarem febre ou dor no corpo. “Em torno de 85% a 90% só tem o quadro da lesão de pele e da coceira. Não tem febre, não tem dor no corpo. É muito difícil a gente conseguir acreditar na hipótese de ser arbovirose”, apontou.

Alergia e fatores ambientais
Em Camaragibe, estão sendo realizadas análise da água consumida pelas pessoas. “A gente está estudando se é uma coisa transmitida pela água de banho ou de beber. Tem muito poço, cacimba e fontes de água [na cidade]”, apontou Geraldo Vieira.

Segundo o infectologista Montenegro, também não foi descartada a hipótese de alguma causa ligada a desequilíbrio ambiental.

“Os primeiros casos começaram em duas comunidades do Recife que ficam coladas com a mata de Dois Irmãos [na Zona Oeste]. E daí se espalhou para Camaragibe, que também é uma área colada com a mata. Não dá para a gente deixar de investigar uma possibilidade de um certo desequilíbrio ambiental”, explicou o especialista.

Ele informou que as possibilidades que estão sendo investigadas são múltiplas. “Pode ser algum tipo de vegetal que possa estar desprendendo alguma substância tipo pólen, algum tipo de inseto próximo à mata, algum tipo de ácaro de alguns animais”, contou.

Análises de insetos e outros bichos também estão sendo realizadas para verificar se estão causando alergia tanto na capital, quando em Camaragibe.

“Muitas das lesões de pele parecem com reação alérgica. Você tem várias possibilidades do que pode causar. Nessa situação, a causa pode estar no ambiente. Será que é alguma coisa da água? Algo da mata? Inseto? Fica muito mais difícil porque não tem como procurar só na pessoa que está acometida, tem que procurar no ambiente”, declarou Demetrius.

Profissionais de diversas áreas tais como veterinários, biólogos e epidemiologistas estão envolvidos nas pesquisas, segundo Montenegro.

Investigações de outras possibilidades
No formulário utilizado pela prefeitura do Recife e seguido pela gestão municipal de Paulista, são listadas informações como data do início dos sintomas, evolução da manifestação das lesões cutâneas e possíveis contatos com casos similares.

Outro ponto que dificulta o diagnóstico, explicou Montenegro, é a possibilidade de doenças superpostas, ou seja, de a pessoa ter mais de um problema de saúde, como uma alergia e a lesão por outra causa. “Além de ter um problema de pele por outra causa, pode ter esse problema da lesão, o que confunde ainda mais”, disse.

Recomendações
A recomendação de todos os municípios para pessoas que sentirem os sintomas de coceira intensa e vermelhidão no corpo é procurar uma Unidade de Saúde Básica para que os possíveis tratamentos e investigação do caso clínico sejam iniciados.

Além disso, Demetrius Montengro reforçou que o ideal é não passar medicamentos sem orientação e diagnóstico médico, até mesmo para que não haja piora dos sintomas. Com a pessoa indo à unidade de saúde, a vigilância epidemiológica é acionada.

“É extremamente importante essa notificação para a vigilância epidemiológica para fazer toda a investigação e excluir se for o caso”, apontou o infectologista.

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