MP denuncia fraudes na saúde em Sorriso e região: ‘na pandemia tudo é nosso’

Investigados na 1ª Fase da Operação Espelho, os empresários Luiz Gustavo Castilho Ivoglo e Osmar Gabriel Chemim uniram suas duas empresas, a LGI Serviços Médicos Ltda e Bone Medicina Especializada Ltda, para que concorressem e ganhassem as concorrências abertas pelo governo do Estado. Ambos venceram licitações da Unidade de Tratamento Intensiva (UTI), de Alta Floresta, Colíder, Sinop e Sorriso, e lucraram com a Saúde, visto que independente de qual empresa ganhasse, tudo estaria dentro do grupo.

Conforme a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT),a LGI, do médico Luiz Gustavo, tinha o monopólio da UTI em Alta Floresta, mas havia oferecido um valor maior que a Bone do Osmar, perdendo a licitação. Com o objetivo de derrubar a empresa vencedora, Luiz Gustavo e os sócios Renes Leão e Bruno Melo articularam um plano que consistia eleger o diretor técnico do Hospital para prejudicar os concorrentes, fazer boletins de ocorrência contra a empresa denunciando supostas irregularidades, oferecer uma quantia de R$ 10 mil mensais à servidora do Hospital de Alta Floresta para “ajudar” o grupo, dentre outras trativas irregulares.

Porém, antes de seguir com o plano, Luiz Castro procurou Osmar para propor um acordo entre os dois grupos concorrentes em licitações no Estado, e assim, ambos pudessem lucrar com os contratos de prestação de serviços médicos e hospitalares em Mato Grosso. Eles combinariam o preço da oferta e definiriam em que licitação cada um venceria e atuaria, bem como a administração em conjunto de certos contratos.

Segundo o MPMT, informações privilegiadas e combinações de preço, sem qualquer pesquisa de mercado ou competitividade, resultaram em um verdadeiro “jogo de cartas marcadas” para distribuição das contratações com o poder público. Foram apurados ainda superfaturamento por inexecução, pagamentos de plantões médicos de infectologistas e cirurgiões gerais não comprovados, dentre outras irregularidades.

“Foi criado um grupo de conversas em aplicativo de WhatsApp denominado de ‘UTI AF/HRCOL/SORRISO’, dando início ao milionário esquema de fraudes a licitação e desvios de recursos públicos que os fizeram enriquecer ilicitamente às custas da saúde da população e dos bolsos dos contribuintes. Eles combinaram que independentemente de qual empresa fosse vencedora da licitação, o lucro seria de todos e também se empenharam em excluir qualquer concorrência de empresas prestadoras de serviços médicos que não fazia parte do grupo”, consta no documento.

O grupo começou durante a pandemia e, em conversas por WhatsApp, o médico Osmar Chemim comemorava novos contratos, como o de 10 leitos de UTI em Sorriso, afirmando que: “Por enquanto na covid, o mundo e nosso”. Nos diálogos, Luiz Gustavo pede que Renes transfira valores de R$ 93 mil a R$ 500 mil para a empresa Bone.

Reprodução

leitos sorriso

Em outro momento do documento, o Ministério Público afirma que “as empresas não concorriam entre si, apenas faziam uma simulação, já que entre a empresas do grupo havia a definição dos valores que seriam lançados, tudo em detrimento do dinheiro público e com reflexos diretos na prestação de serviços ineficientes à população que agonizava nos corredores dos hospitais em busca de socorro médico para suas vidas, onde não encontravam médicos e suprimentos suficientes para o atendimento”.

Na denúncia, o MPMT requer a reparação dos danos causados aos cofres públicos na ordem de R$ 57,5 milhões e a declaração da perda dos cargos públicos de três denunciados.

Operação Espelho
Realizada pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) revelou esquema de fraudes em hospitais de Mato Grosso. Operação foi realizada em duas fases que mirava um suposto cartel formado por empresas com o intuito de fraudar contratos com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e com ajuda de agentes públicos.

Na ação, foi denunciada a “mulher da SES” que teria peça fundamental no esquema, pois passaria orientações aos empresários para que vencessem as licitações.

Ao todo, 22 médicos foram denunciados, sendo eles, Alberto Pires de Almeida, Alexsandra Meire Perez, Bruno Castro de Melo, Catherine Roberta Castro da Silva Batista Morante, Carine Quedi Lehnen Ivoglo, Caroline Campos Dobes Conturbia Neves, Elisandro de Souza Nascimento, Euller Gustavo Pompeu de Barros Gonçalves, Gabriel Naves Torres Borges, José Vitor Benevides Ferreira, Luiz Gustavo Castilho Ivoglo, Luciano Florisbelo, Marcelo de Alécio Costa, Maria Eduarda Mattei Cardoso, Marcio Matsushita, Miguel Moraes Da Cruz Suezawa, Nabih Fares, Pamela Lustosa Rei, Renes Leão Silva, Sergio Dezanetti, Samir Yoshio Matsumoto Bissi e Osmar Gabriel Chemin.

L.B. Serviços Médicos, atualmente denominada por LGI Médicos LTDA, Bone Medicina Especializada, Organização Goiana de Terapia Intensiva Ltda, Intensive Care Serviços Médicos LTDA são empresas investigadas na operação, que tiveram contratos milionários com o Estado, aceitos.

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