Rede organizada operava um falso empreendimento de raspadinhas instantâneas instalado em diversas cidades do estado
A Polícia Civil de Mato Grosso cumpriu, na manhã desta terça-feira (14), 111 ordens judiciais durante a Operação Raspadinha do Crime, que investiga um esquema milionário de exploração ilícita de jogos de azar promovido por uma facção criminosa em mais de 20 cidades do estado, incluindo Sorriso.
As investigações, conduzidas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), em conjunto com a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), revelaram uma estrutura criminosa complexa, com características empresariais, hierarquia e divisão de funções. O grupo utilizava falsas raspadinhas instantâneas para movimentar recursos e lavar dinheiro proveniente de outras atividades ilegais.
Foram expedidos 21 mandados de prisão preventiva, 54 de busca e apreensão, 11 ordens de bloqueio de contas, além de 25 medidas de quebra de sigilo bancário e telemático e sequestro de valores superiores a R$ 1,1 milhão, autorizados pelo juiz Anderson Clayton Dias Batista, da 5ª Vara Criminal de Sinop.
Durante as diligências, também foi autorizada a apreensão e destruição de materiais usados no esquema, como bilhetes, banners e propagandas das raspadinhas.
As ordens judiciais foram cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande, Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Tangará da Serra, entre outras cidades.
A investigação teve início a partir da análise de materiais apreendidos em maio deste ano, que indicaram a existência da rede criminosa responsável pela operação das raspadinhas. Em apenas seis meses, o grupo teria movimentado mais de R$ 3 milhões.
De acordo com a Polícia Civil, o esquema era utilizado como fachada para lavagem de dinheiro e financiamento de uma facção criminosa atuante dentro e fora dos presídios, que buscava diversificar suas fontes de arrecadação além do tráfico e da extorsão.
De acordo com o delegado responsável pela investigação, Antenor Pimentel, por meio do negócio criminoso, que se apresentava como empresa, a ação conseguiu transformar a aparência de legalidade em instrumento de lavagem de dinheiro.
“A operação representou um golpe direto no braço econômico da facção, desmantelando uma rede que unia tecnologia, manipulação social e engenharia financeira. A investigação segue em andamento, com foco na recuperação dos valores desviados e na identificação de possíveis ramificações interestaduais”, disse o delegado.
O trabalho também faz parte das ações da Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim).