Plataforma digital de monitoramento do Projeto “Chove-Chuva” é lançada em Sorriso

A Amazônia brasileira, em particular o Estado de Mato Grosso, tem sido palco de grandes transformações socioambientais, que estão no centro dos desafios globais. Essas transformações são explicadas principalmente por um setor agrícola extremamente dinâmico que, além de sua estratégia de expansão, está evoluindo para intensificar e diversificar suas práticas, para que estas ocorram de maneira sustentável.

Essa evolução ocorre no Brasil no contexto de um plano setorial de mitigação e adaptação às mudanças climáticas (Plano ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), cujo objetivo é incentivar a adoção de práticas de manejo sustentável, como a restauração de pastagens degradadas e reflorestamento de matas ciliares, promoção de práticas agrícolas fundamentadas, como Integração-Lavoura-Pecuária ou a prática do Plantio Direto.

Existe uma grande diversidade de informações espaciais sobre o assunto que devem ser divulgadas ao maior número de pessoas possível, a fim de apoiar e facilitar os processos de adaptação das comunidades a essas mudanças.

Porém, ainda faltam ferramentas que permitam aos cidadãos e às instituições, como associações comunitárias, o acesso prático aos dados sobre a evolução das condições no seu território.

Nesse sentido, o Observatório Espacial do Clima, uma iniciativa francesa para aprimorar o estudo das mudanças climáticas, promovido pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES) e o Centro Nacional de Pesquisa Cientifica da França (CNRS) apresenta o Projeto Chove-Chuva, que tem o objetivo de desenvolver uma ferramenta online de monitoramento das dinâmicas territoriais no estado de Mato Grosso.

A plataforma digital vai fornecer indicadores simples sobre a evolução das variáveis climáticas e as dinâmicas de uso do solo, considerando as áreas florestais, as áreas agrícolas, assim como os recursos hídricos, a fim de sensibilizar os cidadãos e as associações comunitárias de Mato Grosso a respeito das mudanças ambientais. Também serão coletados dados fornecidos pelos usuários sobre a localização de práticas de manejo sustentáveis como integração lavoura-pecuária-floresta ou reflorestamento.

O Projeto Chove-Chuva foi lançado no município de Sorriso nessa segunda-feira, dia 08/04.

 

Antecipar fenômenos com mais precisão

Por meio da coleta e cruzamento de dados, propõe-se mobilizar informações que permitam, para uma zona predefinida por um utilizador, (um município ou uma fazenda, por exemplo), produzir um panorama da situação territorial a partir de indicadores sintéticos em quatro grandes temas:

Clima: evolução da precipitação (quantidades e sazonalidade)

Florestas: mudanças na cobertura florestal (desmatamento e degradação)

Água: evolução das pressões sobre os recursos hídricos (formação de reservatórios de água e degradação das margens dos rios)

Agricultura: evolução das áreas e práticas agrícolas.

 

Projeto Chove-Chuva

O Projeto Chove-Chuva é realizado em parceria com inúmeras instituições de pesquisa, ONGS e órgãos públicos de meio ambiente, que envolve parceiros franceses e brasileiros, como o CAT Sorriso, o CIRAD, a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), ALKANTE, Instituto Centro Vida (ICV), Fundação Ecológica Cristalino, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), GEODEV, Centre National de La Recherche Scientifique (CNRS), entre outros parceiros. E financiado pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais – CNES da França, no âmbito de uma iniciativa internacional chamada Observatório Espacial do Clima. O pesquisador e colaborador do CNRS – Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, Damien Arvor fala mais sobre a plataforma.

“Nós mostramos indicadores simples a partir de dados de satélites sobre a evolução das chuvas, uso do solo, das práticas agrícolas e recursos hídricos. Nós montamos essa plataforma porque existem muitas dinâmicas territoriais no estado de Mato Grosso devido ao tamanho do estado e a diversidade dos atores locais. Sabemos que existem muitos dados produzidos por diversas instituições para monitorar essas dinâmicas, que muitas vezes são de difícil acesso aos usuários. Nossa proposta é juntar esses dados sobre vários temas e deixar o usuário calcular indicadores de interesse sobre evolução das chuvas, dos fogos (incêndios), das práticas agrícolas, dos recursos hídricos etc. para uma área de interesse que pode ser um município, ou uma fazenda”.

Parcerias

CAT Sorriso

O CAT Sorriso é um dos parceiros do projeto Chove-Chuva. A coordenadora do CAT Sorriso, Cristina Delicato destaca a importância da parceria. “Essas parcerias são muito bem- vindas para o CAT, pois essa ferramenta vai permitir mostrar a sustentabilidade na produção do agronegócio, por meio de práticas sustentáveis no campo, que têm se tornado cada vez mais relevantes para os produtores rurais. Essas práticas visam reduzir o impacto ambiental da atividade agrícola, ao mesmo tempo, em que garantem a produção de alimentos saudáveis e a manutenção da saúde do solo e da biodiversidade”.

ICV

Para o coordenador de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida – ICVA, Vinícius Silgueiro, “A plataforma Chove-chuva tem um diferencial muito interessante de reunir dados históricos do clima e de uso e cobertura do solo em Mato Grosso. E o que os dados mostram, e que a gente que é daqui temos sentido na pele, é a redução das chuvas, o aumento da intensidade da seca e do calor. É um alerta pra que Mato Grosso conserve e restaure nossa vegetação nativa e recursos hídricos, pra assim garantir as condições para qualidade de vida pra quem vive aqui”.

UNEMAT

O professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), campus de Sinop, Dr. Carlos Antônio da Silva Junior destaca que “O projeto Chove-Chuva é essencial para monitorar e compreender as dinâmicas territoriais em Mato Grosso, fornecendo dados cruciais sobre clima, florestas, água, agricultura e uso da terra. Por meio de uma plataforma web acessível, nossa iniciativa não só divulga informações espaciais, mas também envolve os cidadãos na coleta de dados, promovendo a participação ativa da comunidade na gestão ambiental. Essa abordagem inovadora é fundamental para apoiar políticas e práticas sustentáveis na região”.

 

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