Fazendas localizadas em regiões estratégicas de produção no estado estão entre as vítimas do grupo criminoso
A Polícia Civil, por meio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), deflagrou, na manhã desta terça-feira (24.6), a terceira fase da Operação Safra, para cumprir 63 ordens judiciais contra um grupo criminoso envolvido no furto e desvio de cargas de grãos em Mato Grosso. Os prejuízos causados às vítimas alcançam mais de R$ 20 milhões.
Nesta terceira fase, o foco foi o responsável financeiro pelo desvio milionário em cargas de soja e milho.
São cumpridos, na operação, 19 mandados de busca e apreensão, 22 mandados de bloqueio e sequestro de contas bancárias, cinco mandados de indisponibilidade de bens imóveis e 17 bloqueios de veículos. As ordens judiciais são cumpridas nas cidades de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sapezal, Tangará da Serra e Cuiabá. Os mandados foram expedidos pelo juiz Anderson Clayton Dias Batista, titular da 5ª Vara Criminal da Comarca de Sinop, com base em investigações da GCCO.
O cumprimento dos mandados contou com o apoio das Delegacias de Sapezal, Tangará da Serra, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum.
Terceira fase
As investigações que resultaram na Operação Safra 3 se concentraram em apurar furtos e desvios de grãos nas fazendas Guapirama, Sulina, Colorado, Kesoja e Fazenda Feliz, todas localizadas em regiões estratégicas de produção de soja e milho no Estado.
As apurações revelaram que o grupo criminoso atuava com o aliciamento de funcionários dessas fazendas, como balanceiros, gerentes e operadores de carga, que facilitavam a entrada de caminhões sem qualquer documentação fiscal ou registro oficial.
Com o acesso liberado de forma clandestina, os veículos carregavam grãos diretamente dos silos ou pontos de estocagem, sem levantar suspeitas imediatas dos proprietários.
O modus operandi da organização envolvia uma logística bem estruturada e operada com sofisticação. Os motoristas das cargas furtadas seguiam para uma empresa em Cuiabá, já investigada durante a operação Safra 2, onde os grãos eram “esquentados” por meio de notas fiscais falsas.
A atuação da organização criminosa envolvia ainda núcleos especializados em falsificação de documentos e movimentação financeira para lavagem de dinheiro. Segundo o delegado responsável pelas investigações, Gustavo Belão, o prejuízo inicialmente estimado, nesta fase da operação, gira em torno de R$ 4,5 milhões, valor calculado com base em documentos e registros identificados pela Polícia Civil, nas investigações conduzidas pela GCCO.
“No entanto, o dano real pode ser incalculável, considerando que grande parte das cargas subtraídas não foi registrada oficialmente, o que impossibilita a aferição exata da quantidade de grãos desviados ao longo do tempo”, disse o delegado.
Prejuízo de R$ 20 milhões
As investigações das duas fases anteriores da operação identificaram que o grupo criminoso estava envolvido no furto de, pelo menos, 152 cargas, totalizando mais de seis milhões de quilos de grãos subtraídos, com prejuízo superior a R$ 16,3 milhões para diversas empresas transportadoras e seguradoras ligadas ao setor do agronegócio mato-grossense.
Com o avanço das investigações, foi possível identificar o operador financeiro da organização criminosa e também a atuação do grupo em outros furtos de cargas, tendo como vítimas fazendas, com prejuízos superiores a R$ 4,5 milhões, contabilizando a somatória de mais de R$ 20 milhões em danos aos prejudicados.
Fases anteriores
A primeira fase da operação foi deflagrada em julho de 2021, quando a Polícia Civil de Mato Grosso desmantelou um grupo criminoso baseado no Estado de São Paulo, que atuava no furto e roubo de cargas de grãos em território mato-grossense e em outras unidades da federação.
Em setembro de 2022, a Polícia Civil deflagrou a segunda fase da operação, buscando a continuidade do trabalho de investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado, visando o combate incessante e qualificado de grupos criminosos que insistem em atacar a principal atividade econômica do estado, que é o agronegócio.