Roberto Jefferson, preso no inquérito das milícias digitais, é levado para presídio em Bangu

O ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e preso nesta sexta-feira (13) no inquérito das milícias digitais, foi levado à tarde para um presídio do Complexo de Bangu, na Zona Oeste do Rio.

Jefferson ficará detido em Bangu 8, presídio para onde são levados detentos com curso superior.

Roberto Jefferson foi para Bangu depois de passar numa triagem em Benfica, na Zona Norte, por volta das 15h55. Ele tinha deixado a Superintendência da Polícia Federal do Rio cerca de 20 minutos antes, para dar entrada no sistema prisional fluminense.

Anteriormente, o ex-parlamentar esteve no Instituto Médico-Legal (IML) do Rio, onde passou um exame de corpo de delito. Quinze minutos depois, Jefferson saiu do IML, rumo à Superintendência da Polícia Federal (PF) do RJ.

Roberto Jefferson foi preso em casa, em Comendador Levy Gasparian, na Região Serrana do Rio. A autorização da prisão preventiva (que não tem prazo estipulado para acabar) partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A executiva nacional do PTB classificou a prisão como uma “medida arbitrária orquestrada por Moraes”. A defesa de Jefferson ainda não se manifestou (leia mais abaixo).

Moraes também determinou:

  • O bloqueio de conteúdos postados por Jefferson em rede sociais;
  • A apreensão de armas;
  • O acesso a mídias de armazenamento.

A ordem ocorre dentro do inquérito da milícia digital, que é uma continuidade do inquérito dos atos antidemocráticos.

Jefferson postou numa rede social que a PF chegou a fazer buscas na casa de parentes pela manhã.

“A Polícia Federal foi à casa de minha ex-mulher, mãe de meus filhos, com ordem de prisão contra mim e busca e apreensão. Vamos ver de onde parte essa canalhice”, escreveu o ex-deputado.

O advogado de defesa de Roberto Jefferson, Luiz Gustavo Pereira da Cunha, informou, por telefone, que só vai se manifestar depois que tiver acesso a íntegra da decisão do mandado de prisão e da busca e apreensão.

O STF determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestasse sobre o pedido de prisão feito pela PF, mas não foi feito parecer.

Milícia digital

O inquérito que investiga a organização e o funcionamento de uma milícia digital voltada a ataques à democracia foi aberto em julho, por decisão de Moraes.

Nessa investigação, a PF apura indícios e provas que apontam para a existência de uma organização criminosa que teria agido com a finalidade de atentar contra o Estado democrático de direito.

Essa organização se dividiria em núcleos: de produção, de publicação, de financiamento e político. Outra suspeita é que o grupo tenha sido abastecido com verba pública.

Entre os nomes citados pela PF em um pedido para acessar quebras de sigilo, estão os assessores da Presidência da República acusados de integrar o chamado “gabinete do ódio”, que seria encarregado de promover ataques virtuais nas redes sociais contra desafetos da família do presidente Bolsonaro e adversários do governo.

Roberto Jefferson

O ex-deputado Roberto Jefferson foi o pivô do escândalo do mensalão, em 2005. Foi a partir de uma entrevista dele ao jornal “Folha de S. Paulo” que o país tomou conhecimento das denúncias de que o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva passava dinheiro a deputados da base.

Em novembro de 2012, no julgamento do mensalão no STF, ele foi condenado a 7 anos e 14 dias de prisão, pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Nos últimos anos, já sem mandato parlamentar, Jefferson se aproximou do presidente Jair Bolsonaro. Em suas redes sociais, começou a postar fotos com armas. O armamento da população é uma das principais causas do presidente.

O que diz o ex-deputado

O advogado de defesa de Roberto Jefferson, Luiz Gustavo Pereira da Cunha, informou, por telefone, que só vai se manifestar depois que tiver acesso à íntegra da decisão do mandado de prisão e da busca e apreensão.

Em nota, o Diretório Nacional do PTB manifestou “incredulidade com a prisão”. “O PTB foi surpreendido com mais uma medida arbitrária orquestrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes”, afirmou a legenda.

“O ato demonstra, mais uma vez, a tentativa de censurar o presidente da legenda, impedindo-o de exercer seu direito à liberdade de opinião e expressão por meio das redes sociais. Este é mais um triste capítulo da perseguição aos conservadores. Nosso partido espera que a justiça veja o quão absurdo é este encarceramento”, emendou a Executiva Nacional.

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