Lucas França Rodrigues, 22 anos, preso após matar a companheira Ana Paula Abreu, 33, em Sinop, relatou em depoimento à delegada Renata Evangelista que discutiu com a vítima no dia anterior ao crime por causa de sua pesquisa sobre escatologia, uma doutrina que estuda o “fim dos tempos”.
Durante o interrogatório, Lucas revelou que estava estudando a escatologia, mas não detalhou as informações que tinha. Segundo a delegada, a discussão com Ana Paula começou porque ela era contrária ao estudo da doutrina. “O crime aconteceu no dia seguinte à discussão. Ele não conseguiu explicar, ou não quis explicar, o motivo de ter matado ela”, disse Renata durante coletiva.
O ataque ocorreu na manhã de 23 de agosto, por volta das 8h, enquanto Ana Paula tomava café. Lucas não esclareceu se houve nova discussão no momento do crime. Após matar a companheira, manteve o corpo no carro por várias horas, chegou a tirar fotos e enviá-las à família da vítima.
A delegada afirmou que Lucas respondeu apenas às perguntas que considerou convenientes durante o interrogatório, omitindo detalhes sobre o instrumento usado no crime. Três armas foram recolhidas na cena. “Ele não demonstrou arrependimento e se comportou como suspeitos geralmente se comportam nesse tipo de crime, cabisbaixo, sem sinais de mudança de comportamento”, explicou.
Renata ressaltou que a investigação ainda vai apurar se o crime foi premeditado. Ela destacou que a doutrina estudada por Lucas não defende a violência: “Se ele já tinha esse propósito, a investigação vai apontar. Ele declarou que a ideia era tirar a própria vida depois do ato”.
Além disso, a delegada recebeu um laudo médico, entregue pelo pai de Lucas, indicando que o suspeito tem esquizofrenia e já passou por tratamento psiquiátrico anteriormente. O defensor público de Lucas solicitou um incidente de sanidade mental. Uma junta de profissionais avaliará se, no momento do crime, ele tinha capacidade de entender seus atos.