As penas somadas totalizam 56 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado.
O Tribunal do Júri da Comarca de Vera (a 458 km de Cuiabá) condenou Maria de Lourdes Pipper Peron, 64 anos, e seus filhos Adriano Peron, 41, e Diomar Peron, 37, pelo assassinato do produtor rural Adelfo Borghezan Peron, ocorrido em fevereiro de 2008. Após dois dias de julgamento — realizados na quinta (6) e sexta-feira (7) —, o Conselho de Sentença considerou os três culpados. As penas somadas totalizam 56 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado.
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), o crime ocorreu durante a madrugada, na Chácara Santa Maria, zona rural do município. A vítima, então com 50 anos, foi atacada enquanto dormia e esfaqueada três vezes por Maria de Lourdes, sua esposa à época, com golpes que atingiram o pulmão esquerdo. Ainda viva, Adelfo foi levado pelos filhos até um galpão da propriedade, onde foi enforcado com uma corda, morrendo por asfixia mecânica.
As investigações apontaram que o homicídio foi motivado por desentendimentos familiares ligados à gestão dos negócios rurais. O ato, descrito como premeditado e cruel, teve simulação de suicídio, posteriormente descartada pela perícia, que constatou que a vítima foi atacada sem chance de defesa e que o local do crime havia sido limpo para eliminar vestígios. “A motivação foi torpe, movida por interesses patrimoniais. Os réus não apenas tiraram a vida de Adelfo Peron, mas tentaram mascarar o crime como suicídio, demonstrando frieza e premeditação”, afirmou o promotor de Justiça Daniel Luiz dos Santos.
O júri reconheceu todas as qualificadoras apresentadas pelo MPMT — motivo torpe, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima. Cada réu recebeu pena de 18 anos e 8 meses de reclusão. Já Tamires Paula Tonin, nora da vítima, foi absolvida por falta de provas quanto à autoria.
A sentença foi proferida pelo juiz Victor Lima Pinto Coelho. Também participaram do julgamento os promotores de Justiça Fabison Miranda Cardoso e Eduardo Antônio Ferreira Zaque, integrantes do Grupo de Atuação Especial no Tribunal do Júri (GAEJúri) — criado neste ano pelo procurador-geral de Justiça, Rodrigo Fonseca Costa, com o objetivo de apoiar julgamentos de grande complexidade ou repercussão em Mato Grosso.