Veja o que pode mexer com o mercado de soja na próxima semana

Clima nos Estados Unidos e demanda da China são dois dos principais pontos de atenção nos próximos dias, segundo a consultoria Safras

Os players do mercado de soja continuam dividindo suas atenções entre o clima para o desenvolvimento da nova safra norte-americana e os movimentos da demanda chinesa no mercado internacional, de acordo com a consultoria Safras. A relação comercial e política entre Estados Unidos e China também chama a atenção, enquanto a pandemia do novo coronavírus permanece como pano de fundo para os mercados mundiais.

O analista Luiz Fernando Roque detalhou esses fatores, que merecem atenção, pois podem mexer com os preços da oleaginosa na próxima semana:

  • O mercado de soja ainda digere os números do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de agosto, divulgado no dia 12. O órgão surpreendeu ao trazer grandes ajustes positivos para a produção e estoques dos EUA da temporada 2020/2021;
  • Embora o mercado já esperasse por aumentos nas estimativas devido ao clima favorável registrado em julho no cinturão produtor norte-americano, os aumentos vieram bem acima das expectativas;
  • Para o USDA, a safra dos EUA está agora estimada em mais de 120 milhões de toneladas, enquanto em julho a estimativa girava em torno de 112 milhões. Tal fato elevou os estoques finais para algo em torno de 16 milhões de toneladas na nova temporada, patamar semelhante ao da temporada 2019/2020;
  • Mesmo com esses grandes ajustes, o mercado engatou duas sessões de ganhos após o relatório. Sinal de que a demanda chinesa pela soja norte-americana segue crescendo, somados a declarações positivas com relação ao acordo comercial assinado em janeiro, deram o tom positivo para Chicago, mesmo com a superprodução esperada para os EUA e estoques praticamente estáveis;
  • As lavouras norte-americanas continuam se desenvolvendo muito bem na maioria dos estados produtores. Apesar disso, um evento climático atípico ocorrido nesta semana no estado de Iowa (segundo maior estado produtor) trouxe uma grande devastação para lavouras de milho e de soja;
  • Tal fato também ajudou Chicago a ganhar fôlego, embora os danos ainda não tenham sido calculados. É possível, sim, que parte da produção de Iowa tenha sido perdida, e é importante acompanharmos as notícias para sabermos o verdadeiro tamanho dos estragos;
  • Frente a isso, já podemos esperar por uma redução na estimativa de safra no próximo relatório do USDA, em setembro. Mesmo o tamanho do corte ainda sendo uma incógnita, não esperamos por uma safra norte-americana inferior a 116 milhões de toneladas, o que ainda representaria uma grande produção;
  • As compras de soja norte-americana por parte da China devem continuar crescendo nas próximas semanas diante de declarações que indicam que o acordo comercial está “indo bem”;
  • Isso serve de suporte para Chicago, impedindo ajustes negativos maiores devido ao bom desenvolvimento da nova safra dos EUA. Ainda há tempo hábil para os chineses honrarem o acordo.

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