Alguns dos secretários, sub-secretários e outros apontados nas investigações do Ministério Público relacionadas ao esquema de rachadinha na Prefeitura Municipal de Sorriso continuam nos cargos. Um deles é o secretário de Esportes Junior Brandão, que foi cobrado por meio de mensagens via WhatsApp por Nelson Campos.
O inquérito destaca que as mensagens haviam sido apagadas, mas foram recuperadas pela ferramenta Cellebrite Ufed. Destaca que “das mensagens recuperadas, foram suficientes para demonstrar relevância com os fatos apurados […] No dia 01/11/2018, Nelson Campos encaminhou uma mensagem mencionando os meses de ‘junho a outubro’. Já no dia 28/12/2818, encaminhou outra mensagem referindo-se a ‘junho a dezembro’.
Destaca ainda o inquérito que a cobrança foi reiterada em fevereiro do ano seguinte. “[…] novamente fez referência aos meses do ano de 2018 ao escrever ‘junho a dezembro 2018’ e também mencionou ‘janeiro de 2019’. […] nota-se com clareza da resposta de Júnior Brandão ao escrever ‘vou pagar no início do mês’, que possivelmente tratava-se de uma cobrança”.
Outra autoridade citada nas investigações, que à época era servidor público e segue agora em cargo eletivo é o vereador Celso Kosak. Ontem, ele defendeu o gestor municipal em sua fala na tribuna da Câmara de Vereadores, dizendo que não havia ‘cobranças’ no caso investigado.
Entretanto, o texto do inquérito menciona cobranças ao então servidor, hoje vereador, semelhantes às de outros contatos analisados pelos técnicos. “ […] a começar pela mensagem no dia 31/10/2018, que Nelson Campos menciona os meses ‘setembro e outubro’ e logo em seguida Celso Kosak responde Ok. Logo no dia 28/12/2018, novamente Nelson Campos encaminha outra mensagem descrevendo os meses de ‘setembro, outubro, novembro e dezembro” de 2018 e adiciona o mês de janeiro de2019, sendo que desta vez Celso Kosak responde da mesma forma com um ‘joinha’”.
O texto do inquérito segue narrando que as cobranças seguiram no dia 26/06/2019, com Nelson Campos mencionando para Celso Kosak os meses de junho e maio de 2019 “o que leva a crer que Celso Kosak havia pago os meses anteriores, todavia, não foi encontrado nenhum comprovante de transferência, merecendo lembrar que a ferramenta Cellebrite Ufed não recuperou nenhum arquivo desta conversa”.
Destaca ainda o texto que “Nelson Campos seguia nas cobranças e que no dia 12/09/2019 havia outra mensagem referindo-se aos meses de ‘julho e agosto’, o que pressupõe que Celso Kosak tinha pago os meses de maio e junho daquele ano”.
Na sequência, no dia 30/10/2019 Nelson Campos cobra o mês de outubro e Celso Kosak responde com sinal de ‘joinha’, o que deixa evidente que “Celso Kosak sabe possivelmente sobre o que se tratam as cobranças e recebe positivamente o ato de cobrança feito por Nelson Campos”.
Segue o texto do inquérito informando que no dia 04 de fevereiro de 2020 Nelson Campos cobra os meses de novembro e dezembro, possivelmente referindo-se ao ano de 2018 e mais uma vez Celso Kosak responde com sinal de ‘joinha’.
“Por fim, a última mensagem identificada como relevante, foi a de 09/07/2020, encaminhada por Nelson Campos, mas nesta ocasião, além de constar a descrição dos meses de junho e maio, Nelson Campos coloca o valor total de R$ 400,00 (quatrocentos reais), ratificando assim a concepção de que o valor mensal cobrado por Nelson Campos aos servidores comissionados era de R$ 200,00”.
Conforme já mencionado, na sessão da câmara desta segunda-feira (06), o agora vereador Celso Kosak defendeu o prefeito Ari Lafin e afirmou que os pagamentos eram voluntários. Ele também falou em “despesas da eleição”. Segue transcrição de trecho da fala do vereador na sessão:
“Pra mim é um assunto que a Justiça já julgou já. Na qual o prefeito já se comprometeu em pagar todas estas despesa. E dizer que não houve nenhuma organização criminosa. Quando teve a eleição na qual o prefeito Ari ganhou, tinha um grupo de amigos e tinha muitas despesas. Como ninguém ali era detentor de muito dinheiro, foi criado de forma voluntária para quem quisesse contribuir. Para as despesas que nós tínhamos. Foi feito uma lista de quem se comprometeu. A gente acabou pegando umas demandas altas e a gente tinha que cobrir. Inclusive, foram várias multas do partido que foram pagas. Eu acho que o erro foi de não ter tido uma conta para depositar este dinheiro que foi de forma voluntária”.
Na galeria de imagens abaixo, as imagens da troca de mensagens entre os citados.