Mirassol D'Oeste| Sorriso

Esquema de fraude em concurso da prefeitura de Mirassol d’Oeste definiu lista com ordem de colocação dos aprovados

A investigação da Polícia Civil sobre a fraude no concurso público da Prefeitura de Mirassol d’Oeste, realizado no ano passado por uma empresa sediada em Cuiabá, revelou que o operador do esquema criminoso tinha acesso antecipado à lista de classificação dos candidatos e aos cargos do certame.

As informações foram obtidas a partir da análise do celular de J.R.P., apontado como operador do esquema, que está foragido após ter sua prisão decretada. O celular foi apreendido durante as investigações do homicídio do advogado Francisco de Assis da Silva, proprietário do Grupo Fassil, em São José dos Quatro Marcos. A Polícia Civil reuniu evidências que apontam J.R.P. como mandante desse crime.

As diligências realizadas revelaram que, em 21 de janeiro de 2022, antes mesmo da realização das provas do concurso, marcadas para fevereiro do mesmo ano, o operador já possuía a lista dos 35 candidatos aprovados. Essa lista, encontrada no celular de J.R.P., apresentava a ordem de classificação dos candidatos para cada cargo. Além disso, ao lado de alguns nomes, havia observações indicando se a colocação era relevante ou não.

A fraude foi descoberta durante a Operação Ápate, deflagrada pela Polícia Civil na semana passada, que resultou no cumprimento de 84 ordens judiciais. Os investigados responderão pelos crimes de associação criminosa e fraude em concurso público.

A investigação conduzida pelas Delegacias de Mirassol d’Oeste e São José dos Quatro Marcos revelou todo o esquema montado para fraudar as vagas do concurso, que abrangiam diversos cargos na Prefeitura de Mirassol, desde auxiliar de limpeza até dentista, enfermeira e procurador.

A Polícia Civil identificou pagamentos realizados pelas pessoas que constavam na lista encontrada com o operador do esquema, comprovando a compra das vagas. Os valores cobrados pelos responsáveis pela fraude eram equivalentes a 10 vezes o salário do cargo. Foram registradas transações para cargos nas áreas de odontologia, psicologia, enfermagem e educação.

Um dos candidatos “aprovados” no concurso admitiu ter pago pela vaga. Em seu depoimento, ele afirmou que soube que uma pessoa estava vendendo vagas para o concurso da Prefeitura de Mirassol d’Oeste e manifestou interesse em adquirir uma vaga para si e para sua esposa. Em seguida, foi abordado pelo operador do esquema, que garantiu sua aprovação mediante o pagamento de 10 salários, sendo uma parte paga antecipadamente e a outra acertada posteriormente. O candidato foi orientado a fazer a prova normalmente e, posteriormente, seria procurado para assinar um novo gabarito, que substituiria o preenchido no dia do concurso.

Durante a Operação Ápate, a Polícia Civil cumpriu 82 dos 84 mandados judiciais expedidos pela Justiça, que incluíam prisões, buscas, bloqueio de bens e suspensões de atividades econômicas e de cargos. Um dos alvos da operação, sócio da empresa responsável pela realização do concurso, teve sua prisão revogada pelo Tribunal de Justiça, porém, todas as empresas ligadas a ele permanecem suspensas.

Concursos em andamento realizados pela empresa foram interrompidos por várias prefeituras em Mato Grosso e Rondônia, como consequência das investigações em curso. Um deles foi o de Sorriso, cuja previsão de divulgação do resultado era nesta 3a-feira (04) e cuja suspensão foi confirmada pelo secretário de Administração.

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