Imea: 45% do milho 2ª safra de MT foi plantado fora da janela ideal

O estado de Mato Grosso encerra o plantio da segunda safra de milho com mais de 2,5 milhões de hectares (equivalente a 45% do total) fora da chamada janela ideal, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Isso pode, lá na frente, acarretar em quebra de produtividade

Daqui para frente, a chuva será determinante para garantir uma boa safrinha. Falando na precipitação, depois de 15 dias de estiagem, ela finalmente retornou ao milharal da propriedade do Diego Dallasta, em Canarana (MT). Não foi o volume esperado, mas serviu para amenizar a tensão do agricultor.

“A lavoura estava sofrendo muito com a falta de umidade. Fomos abençoados com uma chuva, que variou de 40 até 110 milímetros, e temos tranquilidade pelo menos nos próximos dez dias, com umidade no solo”, conta.

Em Nova Mutum, no médio-norte do estado, também tem produtor comemorando retorno da chuva, após o milho ser castigado pelo estresse hídrico. “Agora, esperamos que essa chuva continue. Precisamos mais este mês inteiro de chuva e algumas lavouras até o mês de maio, então estamos na torcida por mais chuvas”, afirma Alduir Cenedese.

De acordo com o agrônomo Rodrigo, a chuva dos últimos dias vai ajudar principalmente as lavouras plantadas nesta reta final. “Este ano foi um ano atípico, muitas áreas fugindo do comum, do normal, mas acredito que essa chuva vindo agora auxiliará e ajudará muito”, frisa.

Quanto preocupante é o atraso no plantio do milho?

O presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore, afirma que o setor já sabia que a segunda safra terminaria de ser semeada mais tarde, pois o calendário da soja atrasou desde o plantio. “A gente tem de fato um plantio que se assemelha ou é até pior que a safra 2015/2016, em que a gente teve uma redução drástica”, diz.

Segundo o Imea, a região centro-sul do estado foi a que teve o maior percentual de lavouras plantadas fora da janela ideal, cerca de 71%. Alguns produtores até superam essa estatística. É o caso do Altemar Krohling, de Diamantino. Ele cultivou 1.200 hectares de milho nesta segunda safra.

“A gente vai precisar de chuva até o início do mês de maio e os primeiros milhos já estão no pendoamento e os últimos milhos estão com 10, 12 dias de emergido. A gente sabe dos riscos, mas até o dia 23 de abril a gente sabe que tem chuvas marcadas para nossa região. Vamos jogar com a sorte com as chuvas do início de maio. Nos últimos três anos, elas vieram. Do contrário, a queda de produtividade vai ser grande”, conta Krohling.

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