O atraso na semeadura da soja em Mato Grosso tende a afetar o algodão 2ª safra, devido ao ciclo do algodoeiro ser mais longo que o do milho e exigindo que a cultura seja semeada até final de janeiro. É o que projeta o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Assim, considerando a estimativa atual de área para o algodão e de colheita da soja, a projeção da curva de semeadura da fibra mostra que menos de 50% das áreas poderão estar semeadas até o fim de janeiro. “Tal cenário poderá influenciar alguns produtores a deixarem de cultivar o algodão, devido à probabilidade de redução na produtividade”, diz o boletim.
Com os altos custos da cultura, o produtor tende a não correr tanto risco, ainda mais com o milho valorizado. Porém, é importante destacar que algumas regiões do estado terão que ressemear a soja, o que pode dar lugar ao algodão safra, principalmente os produtores que já negociaram boa parte da safra 20/21 e terão que produzir mesmo com os riscos apontados, podendo modificar a curva de plantio.
Em relação aos custos do algodão no comparativo entre a safra passada e o ciclo 20/21 fertilizantes, especialmente os micronutrientes, defensivos, custos de mão-de-obra e manutenção de máquinas puxam a alta. O conjunto fertilizantes subiu de R$ 1.655,64 para R$ 2.027,34. Em defensivos alta de R$ 3.433,99 para R$ 3.520,52. Já as sementes tiveram queda de R$ 791,92 para R$ 708,77. Com isso o custo total mais custos de oportunidade e impostos CT (COT + J), incluindo beneficiamento, passa de R$ 9.645,23 para R$ 11.015,61 por hectare.
Para Mato Grosso, maior produtor de algodão do país, o plantio estimado é de 1,149 milhão de hectares, recuo de 1,4% e produção esperada de 2,011 milhão de toneladas de pluma, queda de 4,1%, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A cultura está em período de vazio sanitário. Mato Grosso está dividido em duas grandes regiões: região I, que vai do Sul até o Vale do Araguaia e tem o período de vazio de 1º de outubro até 30 de novembro; e região II, Norte e Oeste, que tem o período de vazio sanitário de 15 de outubro até 14 de dezembro.