A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta quinta-feira (29.06), a Operação Ápate com o objetivo de cumprir 80 ordens judiciais contra alvos investigados por fraude em concurso público da Prefeitura de Mirassol d’Oeste. A investigação teve início durante a apuração de um homicídio qualificado ocorrido em São José dos Quatro Marcos e revelou um esquema arquitetado por um grupo para fraudar o ingresso no referido concurso, que oferecia vagas em diversas áreas.
A Operação Ápate está sendo realizada em diversas cidades, incluindo Glória d’Oeste, São José dos Quatro Marcos, Indiavaí, Araputanga, Rio Branco, Porto Esperidião, Lambari d’Oeste, Cuiabá e Mirassol d’Oeste. Ao todo, estão sendo cumpridas 84 ordens judiciais, incluindo mandados de prisão, busca e apreensão, afastamento de sigilo bancário, suspensão de função pública, suspensão de atividade econômica, medidas cautelares de monitoramento eletrônico e bloqueio de bens no valor de R$ 1,6 milhão.
A fraude no concurso público da Prefeitura de Mirassol d’Oeste ocorreu em 2022, e a empresa Método Soluções Educacionais, sediada em Cuiabá, foi responsável pela administração do certame. O concurso foi suspenso temporariamente devido à pandemia da covid-19, mas posteriormente retomado com um novo calendário de provas. Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu indícios de fraude envolvendo a compra de pelo menos 35 cargos, abrangendo áreas como saúde, direito, educação, administração e serviços gerais.
O operador do esquema de fraudes foi identificado como J.R.P., que teve seu aparelho celular apreendido durante a investigação do homicídio do advogado e empresário Francisco de Assis da Silva. A análise do celular revelou evidências da fraude no concurso público de Mirassol d’Oeste, incluindo informações sobre a associação criminosa, os envolvidos diretamente na fraude e os valores pagos pelos candidatos para assegurar suas supostas vagas.
Durante a investigação, também foram identificadas outras pessoas envolvidas no esquema, como a chefe de gabinete da prefeitura e o vice-prefeito de Porto Esperidião. A chefe de gabinete teria utilizado recursos públicos para pagar pela vaga no concurso de um familiar, enquanto o vice-prefeito auxiliou o operador do esquema na troca dos gabaritos das provas. O operador do esquema, o proprietário da empresa responsável pelo concurso, a chefe de gabinete e o vice-prefeito tiveram suas prisões preventivas decretadas, e a mulher também teve a suspensão do cargo determinada judicialmente.
A Operação Ápate recebeu esse nome em referência à figura mitológica grega que personificava o engano, o dolo e a fraude. A operação conta com o apoio de diversas delegacias e órgãos de segurança.
A Polícia Civil de Mato Grosso está empenhada em combater a fraude em concursos públicos e garantir a lisura e a transparência nos processos seletivos. As investigações continuam para identificar todos os envolvidos no esquema e responsabilizá-los criminalmente pelos seus atos ilícitos.