A conversa integrou a série “Depressão tem Cura”, com foco especial no papel da família no enfrentamento da doença
Dando continuidade à série “Depressão tem Cura”, o programa A Voz do Povo recebeu nesta sexta-feira (30) a psicóloga Dra. Luciane Zappe. A entrevista teve como foco o papel da família no enfrentamento da depressão, com orientações práticas, reflexões e alertas sobre os riscos e as possibilidades de apoio emocional no ambiente doméstico.
Segundo a especialista, a depressão pode se manifestar de diferentes formas dentro de casa — desde o isolamento e alterações de humor até a perda de interesse em atividades rotineiras. “Os primeiros sinais geralmente aparecem na forma de apatia, irritabilidade ou mudanças no sono e apetite. Muitas vezes, a própria família é a primeira a notar, mas nem sempre compreende o que está vendo”, explicou.
Dra. Luciane alertou sobre o impacto emocional que a doença de um membro pode provocar nos demais. “É comum que pais, filhos e cônjuges se sintam confusos, impotentes ou até culpados. Em alguns casos, essa carga emocional leva ao adoecimento de outros membros da família, especialmente quando não há diálogo ou suporte adequado”, afirmou.
Um dos pontos centrais da entrevista foi o estigma ainda existente em torno da doença. “Muitas famílias confundem depressão com preguiça, desânimo ou drama. Isso atrapalha muito o processo de recuperação e pode fazer a pessoa se calar ainda mais. O acolhimento começa pela escuta sem julgamento”, ressaltou a psicóloga.
Ela também orientou sobre atitudes que ajudam — e que atrapalham — o enfrentamento da depressão. “Empatia, paciência e incentivo à busca por ajuda são fundamentais. Por outro lado, cobranças excessivas, negação da doença ou tentativas de ‘resolver com força de vontade’ são extremamente prejudiciais”, pontuou.
Quando questionada sobre o que fazer diante da recusa de um familiar em buscar tratamento, Dra. Luciane recomendou persistência amorosa e diálogo empático. “Evitar confrontos e expressar preocupação genuína costuma abrir portas. Mostrar que a ajuda está disponível e que ninguém está sozinho faz muita diferença.”
A entrevista também abordou a importância da psicoterapia familiar como ferramenta de reconstrução dos vínculos e fortalecimento emocional coletivo. “Tratar a família como um sistema é essencial para que todos se sintam vistos, ouvidos e fortalecidos”, explicou.
Entre as estratégias simples do dia a dia que podem contribuir, Dra. Luciane destacou: “momentos de conversa sem pressa, refeições compartilhadas, caminhadas juntos, e até rituais de afeto como abraços e palavras de incentivo têm um poder transformador”.
Veja a entrevista no vídeo.