A candidatura do deputado federal cassado Neri Geller (PP) caminha para a impugnação de registro. Após ter o diploma cassado, perder seu mandato e seus direitos políticos por 8 anos – por decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – Neri Geller enfrenta agora o reprocessamento de votos, que deverá levar a suplente Gisela Simona (União Brasil) para a Câmara, cargo ao qual ela disputa também nas eleições de 2022. A nova contagem dos votos de 2018 foi agendada para esta sexta (26), no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Além disso, o Ministério Público Eleitoral contestou a candidatura de Neri, pediu a suspensão do horário eleitoral e o bloqueio dos valores de campanha. Só em fundos, o candidato recebeu R$ 2,7 milhões do Partido Progressista (PP).
O deputado federal é acusado de abuso de poder econômico nas eleições de 2018 e a cassação veio com a perda dos direitos políticos por 8 anos, a contar do primeiro turno das eleições passadas, o que, em tese, o impedirá de disputar a única vaga ao Senado.
Apesar da situação delicada, Neri disse nesta quarta (24) em coletiva que, se o grupo político assim decidir, não há motivos para recuar da candidatura. “Pelo contrário, nós vamos ir para cima e agora com o chicote na mão”, garantiu.
Triangulações financeiras
De acordo com a denúncia, durante a campanha para as eleições gerais de 2018, o então candidato fez doações consideráveis – num total de mais de R$ 1,3 milhão – a 11 candidatos a deputado estadual, dos quais quatro conseguiram se eleger.
Ocorre que, dos 11 beneficiários, apenas três, que receberam somente 7,53% do total doado, pertencia à coligação composta pelo partido Progressistas, ao qual Geller é filiado. Já os quatro eleitos foram destinatários de 57,14% das doações.
Além disso, o MP Eleitoral apontou indícios, nas prestações de contas de campanha do deputado federal, da utilização de “triangulações de contas bancárias”, intermediada por Marcelo Geller, filho do então candidato, para captar doações de pessoas jurídicas para financiar a campanha do pai, prática que é vedada pela legislação eleitoral.
O esquema também teria por objetivo maquiar a violação do limite legal para doações eleitorais por pessoas físicas, já que o candidato aportou como recursos próprios R$ 942 mil – dos quais não foi comprovada origem lícita.