Mais de 3,5 mil crianças e adolescentes de MT tomaram vacina errada, diz AGU

Mato Grosso vacinou 3.533 crianças com doses para adultos ou vacinas não autorizadas para uso em menores de 18 anos. A informação consta em manifestação enviada nesta terça-feira (18) ao Supremo Tribunal Federal, assinada pelo advogado-geral da União, Bruno Bianco. Ao todo, 57.147 crianças e adolescentes foram vacinados de forma equivocada em todo o país, segundo a AGU.

 

Os números foram retirados da Rede Nacional de Dados da Saúde, na qual estados e municípios são obrigados a registrar informações inseridas em todos os cartões de vacinação.

 

Conforme o relatório da AGU, 9 crianças com idades entre 0 e 4 anos foram vacinadas com doses da AstraZeneca em Mato Grosso; outras 6 receberam doses da CoronaVac; 1 com dose da Janssen e 25 com doses da Pfizer. É importante ressaltar que, a imunização nessa faixa etária não tem nenhum respaldo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou do próprio Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação, do Ministério da Saúde.

 

Com relação às crianças com idade de 5 a 11 anos, 19 teriam recebido vacinas da AstraZeneca, 14 da CoronaVac, e 134 da Pfizer. Nenhuma criança nessa faixa etária foi vacinada com dose da Janssen. Essas crianças teriam sido vacinadas com imunizantes para adultos. A vacina para crianças tem formulação específica e só chegou ao Brasil na última semana.

 

Já com relação às crianças e adolescentes com idade entre 12 e 17 anos, 159 foram vacinadas com doses da AstraZeneca, 228 com doses da CoronaVac, 20 com a Janssen e 2.918 com doses da Pfizer. O total de crianças vacinadas de forma errônea em Mato Grosso é de 3.533.

 

Segundo a AGU, o Ministério da Saúde enviou dois ofícios aos Estados e ao Distrito Federal, em setembro e novembro do ano passado, questionando os dados sobre a aplicação das vacinas não aprovadas pela Anvisa para menores de 18 anos e se haveria erros na inserção das informações que pudessem ser retificadas, mas não obteve respostas.

 

Em nome da União, Bianco pediu ao ministro Lewandowski que ordene aos Estados e Municípios que identifiquem todas as crianças e adolescentes que receberam vacinas equivocadamente, para que sejam inseridas no sistema de farmacovigilância e tenham identificados possíveis efeitos adversos. O procedimento é uma recomendação da Anvisa.

 

O Estadão Mato Grosso entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) que, em nota, afirmou ter tomado conhecimento do fato e imediatamente notificou os municípios para que apresentem os devidos esclarecimentos.

 

Os dados foram divulgados após a notificação de que 49 crianças foram vacinadas com doses vencidas da Pfizer no município de Lucena, na Paraíba. Elas também receberam doses para adultos e o caso é apurado pelo Ministério da Saúde.

 

Vacina

O uso da vacina contra a covid-19 produzida pelo Pfizer-BioNTech em crianças com idade de 5 a 11 anos foi aprovada pela Anvisa em dezembro do ano passado. O governo federal anunciou a inclusão do grupo no plano de operacionalização de vacinação contra a covid-19 no dia 5 de janeiro.

 

As primeiras doses chegaram ao Brasil no dia 13 de janeiro e o segundo lote foi entregue já no dia 16. Mato Grosso recebeu 23 mil doses para a imunização desse grupo na terça-feira (18) e alguns municípios já iniciaram a vacinação, entre eles Várzea Grande.

 

Nesta quarta-feira, o pequeno Arthur, de 8 anos, foi a primeira criança a receber a vacina. Há dois anos sem ir para a escola devido à pandemia, o garoto tem doença renal crônica desde os dois anos, o que o coloca no grupo de risco para a covid-19.

 

Junto com a mãe, Sheila Pereira Marques, o pequeno Arthur recebeu a dose pediátrica da vacina Comirnaty (Pfizer-BioNTech), no polo instalado na Clínica Médica do Centro Universitário Várzea Grande (UNIVAG), no bairro Grande Cristo Rei.

 

“Assim que soube que abriu o cadastro, já entrei no site e fiz o dele. Estou muito preocupada, já que ele vai voltar para a escola e, por ter comorbidade, a preocupação é maior. Vacinar agora é muito importante, porque vou poder levar ele para a escola com mais segurança. Estou muito feliz. Vacinas salvam”, comemorou Sheila, ao lado do filho.

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